Um indígena da etnia Tembé foi baleado em Tomé-Açú, nordeste do Pará, nesta sexta-feira (4). Segundo informações recebidas pelo Ministério Público Federal (MPF), o disparo pode ter sido feito por policiais militares ou de seguranças privados de empresa exploradora de dendezais na região.
O MPF informou que pediu que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), tome medidas urgentes para por fim à violência policial em território indígena. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) negou que os disparos tenham partido de suas equipes e informou que vai apurar o caso. O g1 solicitou nota da empresa citada pela associação indígena e aguarda retorno.
A vítima foi alvejada dentro da aldeia Bananal, segundo o MPF. Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra o momento em que a vítima foi socorrida, após ser atingida entre as pernas.
Ainda na noite desta sexta-feira, o MPF requisitou à Polícia Federal (PF) que seja aberta investigação sobre o caso com urgência e que seja deslocado efetivo para a área indígena.
O MPF também enviou ofício à Justiça Estadual de Tomé-Açu, solicitando informações sobre o caso.
A Associação Indígena Tembé Vale do Acará relatou ao MPF que “a comunidade (indígena) verificou forte e ostensivo grupamento de Polícia Militar especializada no município e que, nesta sexta-feira, passaram a intervir de maneira truculenta no local ocupado pela comunidade indígena, acompanhadas de seguranças fortemente armados da empresa Brasil Bio Fuels (BBF), interditando ponte de que dá acesso à área de ocupação”.
Em representação enviada à Procuradoria da República no Pará, os indígenas citam que “comunidades Tembé e quilombolas da região passam por momento de conflito com empresas produtoras e extratoras de óleo de palma, considerando que as várias arbitrariedades praticadas por essas empresas, apesar de denunciadas, sequer têm tido o devido andamento no foro local”. Com informações do G1 Pará.
Atualização às 10h57
A empresa BBF mandou extensa nota sobre os fatos, quando o nome dela aparece citado em apenas uma linha. O resumo é o seguinte: “O Grupo BBF (Brasil BioFuels) esclarece que teve mais uma fazenda invadida na região de Tomé-Açu, denominada Fazenda Rio Negro, e que tal área não se trata de terra indígena demarcada e sim de propriedade privada da empresa”.