Denúncias de policiais militares do 32º Batalhão devem dar outro rumo às investigações sobre a morte do soldado da PM, Edileno Américo Viana, de 36 anos, na tarde da última terça-feira (20), em Cametá, na Região do Baixo Tocantins, nordeste paraense.
Segundo as denúncias, não foram os piratas que atiraram no soldado Américo, mas sim o tenente Castro, que teria sido visto por testemunhas com uma arma na mão, logo após o disparo que matou o militar.
O soldado Américo foi morto com um tiro, em um trapiche da cidade, quando perseguia dois homens suspeitos de pirataria, que foram apontados como autores de um roubo na área.
Durante a perseguição aos supostos piratas, os dois acabaram mortos pela PM em uma alegada troca de tiros no rio em frente a cidade, quando estavam fugindo em uma rabeta. Uma mulher que estava com os suspeitos foi presa.
Agora, a nova versão é de que o soldado foi morto com um tiro na nuca pelo tenente Castro, que também participava da ação no trapiche. Policiais que estavam na hora apontaram o tenente como o autor do tiro.
“Quem matou o soldado Américo, nosso companheiro, foi o tenente e a gente ficou sem reação. Ele tem uma patente maior que a nossa, a gente ficou calado. E agora, a gente está ameaçado pelo comandante de não falar a verdade, mas a verdade é essa”, disse um militar em um áudio que está circulando em grupos de aplicativo de mensagens.
Segundo o policial, os dois piratas não estavam armados e tinham empreendido fuga após praticarem um furto. “Os piratas nem armas não tinham, foram mortos inocentes. Quem matou o Américo, por trás, com um tiro na nuca, foi o tenente, todo mundo viu no trapiche”, ressaltou o militar.
O tenente Castro, logo após o tiro, teria gritado que “foram os piratas”, apontando para o rio.
“O soldado Américo foi baleado por trás, quando estava de frente para o rio olhando os piratas em fuga, porque eles (suspeitos) tinham furtado alguma coisa, mas eles não tinham armas”, reafirmou.
Outro militar, em outro áudio, também acusou o tenente de matar o soldado e disse que o oficial já seria conhecido por atirar a esmo, inclusive contra um cachorro, o que causaria desconforto com colegas de trabalho.
Ocorre que, segundo um policial aposentado, neste caso, o tiro que matou o soldado por ter sido disparado acidentalmente ou o tenente pode ter errado o alvo. Já no caso dos piratas estarem desarmados, poderia ter ocorrido uma dupla execução, não uma troca de tiros.
A única testemunha da suposta troca de tiros foi uma mulher que estava na rabeta com os suspeitos e foi presa. Ela poderá esclarecer os fatos.
O promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, foi informado do caso e disse que está tomando as medidas cabíveis.