“Sal, sal, sal no delegado”, gritavam em São Brás os apoiadores do novo prefeito Edmilson Rodrigues. Para quem não sabe, na periferia de Belém essa conotação de “sal” significa que foi imposta uma derrota acachapante. Em alguns lugares do país pode ser lido como o famoso “vapo” ou o clássico “chocolate”.
É muito usado na zoação pós RE x PA, mas no domingo, pela primeira vez, na disputa eleitoral.
Após a atualização do TRE que tornou, matematicamente, Edmilson o novo prefeito, muitos apoiadores se dirigiram até São Brás, ponto tradicional de manifestações de esquerda na capital. No caminho, foi muito comum ver carros pró ED entoarem o “sal” ao avistarem carros com adesivos pró Eguchi.
Na base do bom humor, os patriotas respondiam que foi roubado. Parecia muito com um dia de clássico da Amazônia. Nas redes sociais, os vencedores escreviam “Sal no deleGado”, alfinetando possíveis eleitores mais radicais do presidente.
Mas por que foi “sal no delegado”? Ainda que tenha feito uma campanha surpreendente, Eguchi tinha um marketing político que parecia não fazer questão de votos de eleitores que nasceram de 1990 pra cá. Como admirador de campanhas políticas na televisão, sentia que o comercial do patriota estava na década de 70 no pós tri campeonato mundial do Brasil.
Não via a hora do Pelé dar as caras por lá. A adaptação do hino do Nelsinho Rodrigues veio muito tarde e não embalou, além disso, sofreu a grande concorrência do hit chiclete do adversário.
O termo “Edpotoca” não embalou e já estava saturado porque já tinha sido usado exaustivamente nas campanhas passadas do Zenaldo. Estratégias que podem ter tido algum efeito em 2018, dessa vez foram um tanto ignoradas, como aquela famosa fake news de alguém que entra no site da Folha de São Paulo e encontra a primeira página com denúncia de corrupção contra o adversário.
No debate o delegado foi bem, mas não tanto quanto poderia ser contra o cavalo paraguaio que vinha sendo o ED, muito por conta de suas contestáveis apresentações nesse cara a cara.
Aparentemente, a maioria da população leu o Edmilson como mais moderado, pois clama por mais bom senso na política. A união dos partidos de esquerda também foi providencial contra uma direita um tanto apática, ainda que muito popular. Por essas e por outras, não teve jeito, foi sal.
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