O prefeito de Santa Luzia do Pará, Adamor Aires (PSB), está sendo acusado nas redes sociais, entre outras coisas, de ser autoritário, agressivo, covarde e não ter controle emocional, depois que um áudio circulou nos grupos de mensagens, em que ele humilha a médica Mayanne Domingos, que atua há cinco anos no município, no Programa Médico da Família, do governo federal.
No áudio, o prefeito se mostra muito agressivo e ataca com palavras ferinas a médica, alegando uma suposta falha dela no atendimento de pacientes, chegando ao cúmulo de expulsá-la de seu consultório, desqualificando a atuação profissional da mulher.
Adamor Aires começa atacando a médica, depois de invadir o consultório dela, acusando-a de negligência e dizendo que não quer que nenhum profissional de saúde adote o comportamento que ela estaria adotando. Ela rebate que o município está deixando os profissionais sem suporte há três meses e que ela está sem lugar para ficar, pois não tem dinheiro. Ele altera a voz e diz que ela recebe do governo federal.
Em seguida, a médica pede para o prefeito não gritar com ela, mas ele continua as agressões e diz que não quer mais a profissional no posto de saúde, mandando-a para casa. Ela responde que quando o supervisor dela mandar, ela vai para a casa dela, mas o prefeito continua falando alto e diz que quem manda é ele, atropelando o Regime Jurídico que rege o funcionamento do serviço público.
Adamor Aires continua as agressões verbais, sem apresentar provas, e expulsa a médica do consultório, mas ela se recusa, alegando que tem supervisão, mas o prefeito vai além e chama a profissional de irresponsável e de fazer molecagem ao destratar os pacientes, o que ela nega e manda ele provar. “Caia fora daqui, irresponsável”, grita o prefeito. A médica se defende e diz que não matou ninguém e que não fez nada de errado. O áudio termina nesse momento.
O prefeito foi procurado pelo Ver-o-Fato por mensagem de aplicativo e por e-mail para se manifestar sobre a forma grosseira como trata a médica, mas não respondeu às solicitações. O espaço continua aberto.
Propina a juiz
Adamor Aires é o mesmo prefeito que em 2014 gravou uma conversa que veio a público em um caso de propina envolvendo decisão que o favoreceria. O principal personagem citado nessa conversa foi o juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, que em outubro passado foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), por unanimidade, por participação no “imbróglio”, que envolveu também o juiz Marco Antônio Lobo Castelo Branco.
A pena para o juiz Flexa foi a aposentadoria compulsória, que está entre as mais graves das penas disciplinares aplicadas a juízes. O TJPA no entanto não divulgou o valor da aposentadoria, que seria de R$30 mil. Flexa respondia um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), cuja denúncia apontava que o magistrado teria participado de uma negociação de propina para favorecer Adamor..
Segundo o TJ, o prefeito estava afastado do cargo e, supostamente, negociava decisão favorável em recursos impetrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que tinham relatoria do juiz Marco Antônio Lobo Castelo Branco. Um laudo pericial comprovou que a voz que aparece nos áudios é do juiz Raimundo Flexa.
Em relação ao juiz Marco Antônio Lobo Castelo Branco, o pleno do TJPA o absolveu por ausência de provas.
Ouça aqui: