Capitania dos Portos não fiscaliza, Marinha nada faz e prefeitura de Marapanim é omissa. Nós clamamos por socorro
Francisco Castro Barata – pescador artesanal *
Nós, pescadores artesanais e ribeirinhos do Rio Cajutuba e afluentes, exigimos que seja investigado as denúncias que fazemos há anos sobre as atividade dos práticos nas nossas zonas de pesca. Ninguém nos ouve, então nós mesmo, pescadores artesanais e ribeirinhos, estamos nos organizando para processar a empresa por danos morais, materiais e por diversos danos ambientais. Estamos abandonados pela Capitania dos Portos que deveria fiscalizar as lanchas de alta potência da praticagem que destroem nosso rio.
A empresa de praticagem tem uma sede na comunidade Vista Alegre, município de Marapanim, e a passagem constante das lanchas dos práticos já reduziu e muito a pesca na região. As lanchas são responsáveis por arrebentar nossas pontes, canoas e redes, destruir o mangue e afastar os peixes e mariscos com a forte maresia que causam ao passar rasgando o rio. Por causa disso os peixes, camarões e mexilhões que usavam o Rio Cajutuba para se reproduzir vão embora. O impacto ambiental é imenso na nossa natureza, já tem estudos mostrando isso e ninguém faz nada.
Já são mais de 15 anos da atividade dos práticos naquela região e eles nem sequer se preocupam com todo o prejuízo e problema que causam a nós, pescadores artesanais e ribeirinhos. Nós clamamos por socorro e por uma busca de dias melhores!
As lanchas cruzam o rio numa velocidade assustadora e nos fazem perder a bóia diária, prejudicando nossa renda e nossa segurança alimentar. A situação das comunidades é tão degradante, que muitas famílias se alimentam de farinha pura, por não terem condições de trazerem o peixe pra mesa de casa.
Segundo informações, esses práticos recebem mais de R$ 200 mil mensais cada um e a Marinha só pode estar apoiando essa atividade, porque é só chegar lá no Rio Cajutuba para ver os estragos deixados pelas lanchas e a dificuldade das comunidades. Eles não tem preocupação com a comunidade local.
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Estamos diante de uma atividade que leva os pescadores a pobreza e que não respeita o meio ambiente. Enquanto os práticos ganham milhões por ano e passeiam pelo mundo ostentando relógios caros, roupas de grife, viagens em primeira classe e jantares caros; os ribeirinhos e pescadores do rio Cajutuba não possuem nem o que comer e sustentar suas famílias.
Onde está a justiça? Onde está a Marinha do Brasil? O que fala a prefeitura de Marapanim ? Até onde prefeitura e Marinha são omissas ou parte disso tudo? Pedimos que se investigue a nossa denuncia.
Não tem como esperar que eles acabem com nosso rio, estamos falando de uma grande questão ambiental e social, que precisa ser resolvida, antes que pessoas morram de fome naquela região.
* Francisco Castro Barata, “seu Chavoca”, é pescador artesanal do Rio Cajutuba, membro da frente popular que lutou pela criação da Reserva Extrativista Marinha Mestre Lucindo e representante do Pará na Rede Nacional dos Manguezais