Três casas foram incendiadas, um homem baleado e um cachorro morto, durante conflito agrário no interior do município de Santa Cruz do Arari, no Arquipélago do Marajó, na noite de quarta-feira (27). O fato ocorreu nas imediações da Fazenda Santo Elias, próximo da Vila Joviniano Pantoja.
Existem duas versões para o fato. A primeira é de que pessoas que se apresentaram como criadoras de gado foram atacadas por seguranças da fazenda e tiveram as casas que ocupavam incendiadas a mando do fazendeiro, porque haviam invadido a propriedade dele.
A outra é de que o fato ocorreu depois que um funcionário da fazenda foi baleado na cabeça quando pedia para que os moradores saíssem da área. Mesmo ferido, ele conseguiu chegar até a sede da fazenda, onde foi socorrido.
As primeiras informações dão conta de que famílias que ocupavam três casas viveram momentos de terror, por volta das 23 horas de quarta-feira, quando vários homens armados que fazem a segurança da Fazenda Santo Elias expulsaram as pessoas e tocaram fogo nas casas, além de matarem um cachorro a tiros e tentarem matar um dos ocupantes da área.
Segundo relatos enviados por aplicativo de mensagens, os homens aterrorizaram as pessoas, dizendo que elas tinham invadido a terra do patrão deles. Eles teriam atirado em uma das vítimas, que conseguiu escapar pelo rio.
Relatos
“Ameaçaram com armas e atearam fogo em três casas que ficam entre a fazenda e a Vila Joviniano. Falaram que o motivo foi por eles terem terem feito casas na propriedade do patrão. As mulheres e as crianças chegaram pedindo socorro na casa de seus familiares”, disseram testemunhas.
Os posseiros que tiveram as residências totalmente destruídas disseram que as casas ficavam na beira do rio e que eles são criadores de gado e que nunca haviam sido surpreendidos desta forma. Uma das vítimas disse que ia registrar um boletim de ocorrência assim que chegasse na sede do município.
Depois surgiu a versão é de que o ataque aos posseiros e a destruição das casas ocorreu depois que um funcionário da Fazenda Santo Elias foi baleado na cabeça por um dos moradores, quando pedia que as famílias se retirassem da propriedade do patrão. O funcionário baleado registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Santa Cruz do Arari.
Tiro na cabeça
Ele foi identificado como Roberth Davit Meneses de Oliveira e disse ter ido até “as casas da invasão” para tentar uma retirada pacífica dos ocupantes, mas acabou levando um tiro na cabeça. “Ao chegar na Fazenda Santo Elias, percebi a presença de vários invasores. Usei de calma e educação para que todos saíssem de dentro das casas. Todos foram direcionados aos seus barcos e pedi para que continuassem seu caminho para a Vila Joviniano, onde creio que residam. Ao finalizar o embarque dessas pessoas, levei um tiro na cabeça”, disse ele no boletim de ocorrência.
Ele disse ainda que perdeu os sentidos e foi carregado por um rapaz que estava com ele até um igarapé. “Não conseguimos seguir por muito tempo, então precisamos parar e fizemos uma fogueira para nos aquecer e esperarmos. Uma embarcação passou com dois homens e pedimos ajuda, para que nos levassem até a sede da fazenda. Ao chegar, notei que os invasores que atiraram contra mim levaram o casco de um barco e destruíram e queimaram outro, causando dano”, completou o funcionário.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.