O Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 10, traz o Decreto 10.890, que visa ampliar a proteção a servidores denunciantes de irregularidades da administração pública. A medida já tinha sido anunciada na quinta-feira, 9, durante cerimônia no Palácio do Planalto para marcar o Dia Internacional contra a corrupção.
“Entre as diversas alterações, cabe destacar a inclusão de todas as estatais no âmbito de aplicação do Decreto e uma maior gestão por parte da Controladoria-Geral da União (CGU) para determinar a alteração de local de trabalho do denunciante, a fim de evitar que ele sofra retaliações no local em que exerce as suas funções”, diz nota emitida pela Secretaria-Geral da Presidência
O presidente Jair Bolsonaro também editou decreto, publicado na edição desta sexta do DOU, que dispõe sobre a divulgação da agenda de compromissos públicos e a participação de agentes públicos, no âmbito do Poder Executivo federal, em audiências e sobre a concessão de hospitalidades por agente privado. O decreto institui o Sistema Eletrônico de Agendas do Poder Executivo federal, o e-Agendas.
O texto traz as definições de cada evento público que deve ser informado na divulgação da agenda, como audiências públicas, atividades abertas ao público, encontros de trabalho, despachos internos, entre outros.
A medida também havia sido anunciada ontem. A ideia é aumentar a transparência na divulgação das agendas de autoridades. O próprio presidente e ministros costumam realizar encontros oficiais fora da agenda. (AE)
Veja o decreto, na íntegra:
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO
Publicado em: 10/12/2021 | Edição: 232 | Seção: 1 | Página: 4
Órgão: Atos do Poder Executivo
DECRETO Nº 10.890, DE 9 DE DEZEMBRO DE 2021
Altera o Decreto nº 9.492, de 5 de setembro de 2018, e o Decreto nº 10.153, de 3 de dezembro de 2019, para dispor sobre a proteção ao denunciante de ilícitos e de irregularidades praticados contra a administração pública federal direta e indireta.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84,caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos art. 6º,caput, inciso IV, art. 9º e art. 10 da Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017, e nos art. 4º-A, art. 4º-B e art. 4º-C,capute § 1º, da Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018,
D E C R E T A:
Art. 1º O Decreto nº 9.492, de 5 de setembro de 2018, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 2º …………………………………………………………………………………………………..
I – aos órgãos da administração pública federal direta, autárquica e fundacional; e
II – às empresas públicas e às sociedades de economia mista, incluídas aquelas que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços.” (NR)
“Art. 16. As manifestações serão apresentadas, preferencialmente, em meio eletrônico, por meio da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação – Fala.BR, de uso obrigatório pelos órgãos e pelas entidades de que trata o art. 2º.
§ 1º Os órgãos e as entidades a que se refere o caput disponibilizarão o acesso à Fala.BR em seus sítios eletrônicos oficiais, em local de destaque.
§ 2º Na hipótese de recebimento da manifestação em meio físico, a unidade setorial do Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal promoverá a sua digitalização e a sua inserção imediata na Fala.BR, observado o disposto no caput.
………………………………………………………………………………………………………………………..
§ 5º As empresas estatais que não recebem recursos do Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial de despesas de pessoal ou para o custeio em geral não se sujeitam ao disposto neste artigo.” (NR)
“Art. 24-G. O exercício das atribuições dos membros dos conselhos de usuários de serviços públicos ocorrerá por meio de sistema eletrônico específico integrado à Fala.BR, disponibilizado pela Controladoria-Geral da União.” (NR)
“Art. 26. Os órgãos e as entidades de que trata o art. 2º que já possuírem sistemas próprios de recebimento e tratamento de manifestações adotarão as providências necessárias para a sua integração à Fala.BR, na forma estabelecida pelo órgão central do Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal.” (NR)
Art. 2º O Decreto nº 10.153, de 3 de dezembro de 2019, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1º Este Decreto estabelece salvaguardas de proteção à identidade do denunciante de ilícito ou de irregularidade praticados contra órgãos e entidades da administração pública federal, direta e indireta, nos termos do disposto nos art. 9º e art. 10 da Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017, e nos art. 4º-A, art. 4º-B e nocaput e §1º do art. 4º-C da Lei nº 13.608, de 10 de janeiro de 2018.” (NR)
“Art. 2º …………………………………………………………………………………………………..
I – aos órgãos da administração pública federal direta, autárquica e fundacional; e
II – às empresas públicas e às sociedades de economia mista, incluídas aquelas que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços.” (NR)
“Art. 3º …………………………………………………………………………………………………..
I – elemento de identificação – qualquer dado ou informação que permita a associação direta ou indireta do denunciante à denúncia por ele realizada;
II – pseudonimização – tratamento por meio do qual um dado perde a possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação adicional mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro;
III – denunciante – qualquer pessoa, física ou jurídica, que apresente:
a) a denúncia a que se refere o inciso V do caput do art. 2º da Lei nº 13.460, de 2017; ou
b) o relato com informações ou irregularidades a que se refere o art. 4º-A da Lei nº 13.608, de 2018;
IV – habilitação – procedimento de análise prévia por meio do qual a unidade de ouvidoria verifica a existência de requisitos mínimos de autoria, materialidade e relevância para a apuração da denúncia e o seu encaminhamento à unidade de apuração; e
V – unidade de apuração – unidade administrativa ou autoridade com competência para realizar a análise dos fatos relatados em denúncia.” (NR)
“Art. 6º O denunciante terá seus elementos de identificação preservados desde o recebimento da denúncia, nos termos do disposto no § 7º do art. 10 da Lei nº 13.460, de 2017, e no art. 4º-B da Lei nº 13.608, de 2018.
………………………………………………………………………………………………………………………..
§ 4º A unidade de ouvidoria responsável pelo tratamento da denúncia providenciará a sua pseudonimização para o posterior envio às unidades de apuração competentes, observado o disposto no § 2º.
……………………………………………………………………………………………………………….” (NR)
“Art. 6º-A Compete às unidades de ouvidoria a realização dos procedimentos de análise prévia da denúncia, observados os prazos e os procedimentos previstos no art. 18 do Decreto nº 9.492, de 2018.” (NR)
“Art. 6º-B As unidades que integram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e o Sistema de Correição do Poder Executivo federal informarão às unidades do Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal sobre a conclusão de procedimento apuratório a partir de denúncia encaminhada, no âmbito de suas competências.” (NR)
“Art. 6º-C Os efeitos das garantias contra retaliações a que se referem o parágrafo único do art. 4º-A e ocaput do art. 4º-C da Lei nº 13.608, de 2018, ocorrerão a partir da habilitação da denúncia pela unidade de ouvidoria.” (NR)
“Art. 7º A unidade de apuração competente poderá requisitar à unidade de ouvidoria informações sobre a identidade do denunciante, quando for indispensável à análise dos fatos relatados na denúncia.
§ 1º O compartilhamento de elementos de identificação do denunciante com outros órgãos não implica a perda de sua natureza restrita.
§ 2º Na hipótese de que trata este artigo, cabe aos órgãos que tenham acesso aos elementos de identificação adotar as salvaguardas necessárias para resguardá-los do acesso de terceiros não autorizados.” (NR)
“Art. 10. Compete à Controladoria-Geral da União:
I – monitorar o cumprimento do disposto neste Decreto;
II – manter a Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação – Fala.BR aderente às regras de salvaguarda de identidade dos denunciantes;
III – receber e apurar as denúncias relativas às práticas de retaliação contra denunciantes praticadas por agentes públicos dos órgãos e das entidades a que se refere o art. 2º e instaurar e julgar os processos para responsabilização administrativa resultantes de tais apurações;
IV – adotar ou determinar, de ofício, as medidas de proteção previstas no caput do art. 4º-C da Lei nº 13.608, de 2018;
V – suspender atos administrativos praticados em retaliação ao direito de relatar; e
VI – editar atos administrativos com vistas à proteção do denunciante.” (NR)
“Art. 10-A. As denúncias de que trata o inciso III do caput do art. 10 deverão indicar a denúncia original que tenha ensejado ato comissivo ou omissivo de retaliação, por meio de número de protocolo válido gerado pelo Sistema de que trata o inciso II docaput do art. 10, ou por sistema a ele integrado.
§ 1º Na hipótese de órgãos e de entidades do Poder Executivo federal que não estejam sujeitos ao uso obrigatório do Sistema de que trata o inciso II do caput do art. 10, a denúncia deverá indicar o conteúdo da denúncia original e o comprovante de envio à unidade de ouvidoria competente.
§ 2º A denúncia original a que se referem o caput e o § 1º deverá ter sido previamente habilitada, nos termos do disposto no art. 6º-C.” (NR)
Art. 3º Ficam revogados os seguintes dispositivos:
I – do Decreto nº 9.492, de 2018:
a) o inciso III do caput do art. 2º; e
b) o parágrafo único do art. 24-G; e
II – do Decreto nº 10.153, de 2019:
a) o inciso III do caput do art. 2º; e
b) o parágrafo único do art. 7º.
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 9 de dezembro de 2021; 200º da Independência e 133º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
Wagner de Campos Rosário