Uma pesquisa realizada pelo Mapbiomas, mostra que o Pará foi responsável por 42% dos incêndios florestais na Amazônia entre janeiro e outubro deste ano. Foram cerca de 2,8 milhões de hectares queimados. Em toda a região amazônica, o fogo destruiu cerca de dez vezes mais que o desmatamento, segundo o monitor de fogo da rede.
O Mapbiomas é uma rede colaborativa de co-criadores formado por ONGs, universidades e empresas de tecnologia organizados por biomas e temas transversais. Os dados foram divulgados em Baku, no Azerbaijão, durante a Conferência das Partes sobre o Clima, a COP-29, da Organização das Nações Unidas (ONU).
O governador Helder Barbalho estava em Baku quando os lamentáveis números foram divulgados e não pronunciou uma única palavra sobre o fato.
“O dado revela o impacto da emergência climática, que provocou a seca severa, uma vez que o Pará foi um dos estados que mais reduziu o desmatamento no país”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
A nível nacional no mês de outubro, a cada dez focos de queimada sete foram na Amazônia. No total, foram 6,7 milhões de hectares destruídos. Ou seja, 73% do fogo no país em outubro foi na região. Pelo desmatamento, foram 650 mil hectares nos dez meses do ano, de acordo com o Sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Mapbiomas aponta, ainda, que 64% de tudo que foi queimado ocorreu em áreas de vegetação nativa – as florestas representaram 45% do que foi destruído pelo fogo. No mesmo período de 2023, os incêndios devastaram 717 mil hectares, ou seja, houve um aumento de 7,5 vezes em apenas um ano, segundo o estudo.
Os dados ainda apontam que:
- Incêndios consumiram 27,6 milhões de hectares em todo o Brasil;
- 55% das queimadas foi na Amazônia (15 milhões de hectares);
- Áreas de pastagens representam 21% da área queimada (5,7 milhões de hectares)
- Na Amazônia o aumento das queimadas foi de 58%.
Os municípios paraenses mais afetados pelas queimadas são São Félix do Xingu, Altamira, Novo Progresso, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte, Santana do Araguaia, Itaituba, Jacareacanga, Parauapebas e Santa Maria das Barreiras.
O Ministério Público Federal (MPF) voltou na última segunda-feira, 18, a cobrar autoridades para adoção de medidas urgentes o combate às queimadas no estado. No Pará, muitas queimadas possuem suspeitas de ilegalidade e atingem inclusive áreas de proteção ambiental, como Terras Indígenas e territórios de comunidades tradicionais.
O órgão afirma que, apesar das iniciativas anunciadas pelos governos estadual e federal para combater os megaincêndios, como o Plano Estadual de Ações para Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais e o projeto Prevfogo, “a realidade prática revela insuficiência na execução e coordenação das medidas propostas”.
O que diz a Semas
Sobre as áreas estaduais que sofrem com as queimadas, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que, em agosto, o Estado “decretou emergência ambiental, proibindo a utilização de fogo, inclusive para limpeza e manejo de áreas e instituiu o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024), ampliando o efetivo militar em 66% e promovendo medidas para o socorro, resgate e salvamento, combate a incêndios, recuperação de serviços essenciais, assistência e logística humanitária”.
A Semas disse também que “agentes do Corpo de Bombeiros Militar atuam no combate às queimadas em todo o estado por meio da Operação Fênix, que reforça a atuação do estado em áreas prioritárias”.
Ainda segundo a secretaria, “o Pará reduziu o desmatamento em 28,4% em 2024, segundo dados do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), redução de 937 km², resultado direto das ações implementadas pela Força Estadual de Combate ao Desmatamento”.