Uma obra de expansão realizada na cobertura do Edifício Aquarius, prédio de alto luxo, localizado na avenida Pedro Álvares Cabral – e onde cada cobertura é avaliada em mais de R$ 4 milhões -, não tem Alvará e pode ser embargada nesta quinta-feira (22), por técnicos da Secretaria Municipal de Urbanismo de Belém (Seurb). A obra em questão é de construção de um andar a mais do que o projeto original.
A obra, feita pelo deputado estadual Gustavo Sefer, está sendo questionada por moradores do condomínio e o caso pode acabar na polícia, porque um deles, Mauro Mutran, ameaçou ficar na portaria do prédio com uma pistola na mão para não deixar mais subir materiais de construção para a cobertura.
O caso repercutiu nas redes sociais por se tratar de briga de pessoas de alto poder aquisitivo, envolvendo um dos edifícios mais luxuosos da capital paraense, com vista para a baia de Guajará, um dos locais mais nobres de Belém.
O Ver-o-Fato descobriu que a obra do deputado, que segundo Mauro Mutran, pode botar em risco a segurança da família dele e de todos os moradores, não tem Alvará e não poderia ter sido iniciada.
De acordo com o secretário de Urbanismo de Belém, Deivison Costa Alves, o requerente (Gustavo Sefer) solicitou a autorização para a obra junto à Seurb, mas o pedido ainda está sendo analisado pelos técnicos da Secretaria. Ou seja, o deputado não poderia iniciar os trabalhos e a obra está irregular, pois não tem a licença legal.
Técnicos da Seur devem se dirigir ao prédio nesta quinta-feira para embargar a obra e multar o proprietário por não respeitar a legislação vigente. Conforme o secretário de Urbanismo de Belém, o requerente tem direito de apresentar sua defesa, enquanto o pedido de licenciamento da obra cumpre os trâmites normais, sendo analisado pelos técnicos.
Segundo moradores do prédio, o deputado Gustavo Sefer resolveu edificar um andar a mais em cima do seu majestoso triplex de mais de 1.200 metros quadrados no Edifício Aquarius, colocando em risco a vida dos próprios condôminos e de pessoas que por ali trafegam ou moram nos arredores.
Caso pode parar na polícia
Em um áudio, postado no grupo de aplicativo do condomínio, um morador, que se identifica como Mauro Mutran, afirma:
“Aqui é o grupo do Aquarius, aqui quem fala é o Mauro Mutran. A partir de segunda-feira, não entra mais um quilo de obra lá para o apartamento que está sendo construído em cima da cobertura, porque eu não vou mais correr risco, senão eu vou me mudar para um hotel e não corro mais risco com a minha família, que é o meu bem mais precioso. Eu não aceito mais que suba mais nada e se subir quem vai resolver sou eu como homem.
Daqui para a frente é assim. O cara que está fazendo a obra lá, ele vai ter que não mandar mais nada, porque se vier, eu mesmo como homem vou impedir. Vou ficar lá embaixo na portaria com a minha pistola e não sobe mais nada lá”.
Em outro áudio postado no mesmo grupo, o deputado Gustavo Sefer rebate Mutran e diz:
“Boa noite, pessoal, eu estava viajando esses dias, cheguei agora, me deparei aí, com esse absurdo, dessas ameaças de gente com pistola na mão, para fazer a justiça com as próprias mãos e repetido, na segunda vez, que não se faz sem a autorização do cidadão, nem conheço. Acho isso muito grave, muito, muito, muito grave e não imaginava que aqui tivesse gente aqui dessa índole.
De qualquer forma, não sei se é um sujeito do nível duvidoso e violento, mesmo, acostumado, como ele disse, fazer justiça com as próprias mãos, não sei o que ele entende por justiça, não sei onde está a justiça ou injustiça, eu me sinto ameaçado e gostaria de pedir que o condomínio, a direção do condomínio solicitasse reforço policial, porque bala, mesmo que não seja direcionada a mim, bala perdida não escolhe destino, certo (?).
É um absurdo que tenha acontecido isso, é um absurdo essas ameaças, é um absurdo tentar se resolver numa comunidade pequena como a nossa as diferenças na bala, fazendo justiça com as próprias mãos. E eu não me sinto tranquilo para sair amanhã, porque o cidadão vai dar tiro aí, nem que não seja para mim, pode pegar em mim como pode pegar em qualquer outro. É um desrespeito para com o condomínio, é um desrespeito para com todo mundo, não é este nível que nós temos aqui. Eu estou há oito anos, já tive divergências diversas com o condomínio, mas sempre respeite a decisão da direção do condomínio, como estou respeitando até hoje…
E gostaria que fosse exigido aqui força policial para a gente poder ficar tranquilo aqui, se não o cidadão vai estar com a pistola aqui para fazer justiça com as próprias mãos… É um absurdo, é o fim se a gente ficar sujeito a isso. Eu não sou violento, eu nunca, nem sequer tentei tirar porte de arma na minha vida, certo (?), não sou armado e não quero sair daqui no meio de uma situação dessas. Eu queria que a direção do condomínio se manifestasse, garantindo a todos nós, inclusive a vocês, que isso é uma afronta, principalmente à direção do condomínio, para que a gente tenha segurança nesse negócio aqui”.
O Ver-o-Fato tentou contato com as pessoas envolvidas na questão, mas não conseguiu. Deixou mensagem para Sefer e assessora, porém sem resposta. O condomínio do prédio de 32 andares também não se manifesta.
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