Ele pagava R$ 16,9 mil por mês de plano dele e da companheira, de 89 anos. Uma crueldade da SulAmérica
Imagine alcançar 100 anos de vida, um marco extraordinário, para ser tratado com o mais absoluto descaso e desumanidade. Foi exatamente isso que aconteceu com um idoso, cliente fiel da SulAmérica Saúde desde 2008, que descobriu, em um momento de necessidade, que o plano pelo qual pagava exorbitantes R$ 16,9 mil mensais havia sido sumariamente cancelado.
Sem aviso prévio e sem justificativa plausível, o centenário foi informado do cancelamento enquanto buscava atendimento no hospital São Luiz, em São Paulo, para realizar um procedimento médico essencial: a troca de uma sonda urinária. Em vez de receber o cuidado esperado, foi jogado à própria sorte e forçado a recorrer à já sobrecarregada rede pública de saúde.
O golpe de má-fé não parou por aí. Ao consultar a “carta de permanência” no site da operadora, veio a afronta final: o cancelamento teria sido feito “a pedido do beneficiário”. O cinismo desse argumento é estarrecedor. Que idoso de 100 anos, em situação de evidente vulnerabilidade, pediria a rescisão do contrato que lhe garante assistência médica?
A conduta da SulAmérica não é apenas abusiva, mas cruel. Em um país onde o acesso à saúde privada é tratado como privilégio, ver um centenário ser descartado como um número é uma afronta à dignidade humana.
O que diz o STJ
Este não é um caso isolado, mas parte de uma prática sistemática em que operadoras de saúde penalizam os mais vulneráveis, ignorando o Estatuto do Idoso e as diretrizes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que já considerou ilegítima a rescisão de contratos por alta sinistralidade, especialmente em função da idade.
Pior ainda, a situação não envolve apenas o idoso. Sua esposa, de 89 anos, que também é dependente do plano, vive agora sob o mesmo risco iminente de desamparo.
Enquanto empresas como a SulAmérica se gabam de seus lucros bilionários, vidas humanas são tratadas como “despesas”. O que está em jogo aqui não é apenas o direito à saúde, mas a própria ética do mercado de planos de saúde. Será que a lógica do lucro vale mais do que a vida de um centenário que contribuiu com seu plano por anos?
Estado e o Judiciário precisam agir com mais rigor.
A saúde não pode ser tratada como mercadoria descartável, e decisões como essa expõem o perverso descompasso entre os direitos do cidadão e os interesses corporativos. É urgente a mobilização da sociedade para exigir um sistema que priorize a dignidade humana acima do capital.
Este caso deveria servir como um grito de alerta. Não apenas pelos que já passaram dos 100 anos, mas por todos nós, que envelhecemos em um sistema que banaliza o sofrimento e trata seres humanos como números em planilhas de custos. É hora de dizer basta!