O cervejeiro raiz foi alcançado, ou melhor, largamente ultrapassado. Este personagem conhecido da nossa cidade é caracterizado por basear sua vida para o fim de semana regado a cerveja. Pra ele não existe essa de marcar uma conversa, é sempre marcar uma breja.
Também é uma pessoa alérgica a ver copo seco: ele mal vê seu copo pela metade, mas já trata de completar. Além disso, nunca fica bêbado como os mortais, sempre precisa de 10 no mínimo. Passa vergonha, arranja encrenca, sorri e tem toda uma vestimenta característica para os dias de muitos goles.
Nessa semana que passou, a alma cervejeira alçou níveis sem precedentes na história dos pinguços da cidade. Porque uma coisa é gostar fortemente de cerveja, outra é se meter na vala imunda da Bernardo Sayão, depois que um caminhão de bebidas virou por lá. Já vi cena parecida com caminhão de peixe na Augusto Montenegro, ou com arroz na Mário Covas, mas naquele mar escuro de fezes e leptospirose, nunca!
“Quem vê close, não vê, corre”, dizia a legenda da foto de um dos guerreiros da imundície que, no outro dia, fizeram o famoso “rock doido” regado a bebida do fundo do “igarapé de la muerte”. Tem “close” que é melhor ficar de fora. Até um cachorrinho vira-lata-caramelo foi fotografo olhando a galera da imundície fazendo sua caça ao tesouro, com certeza se perguntava se ele ainda queria ser conhecido como o melhor amigo do homem. Se bem que não podem falar nada, pois adoram rasgar um lixo por aí…
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Como já disse nesta coluna, a Caboquice deveria ser reconhecida como patrimônio imaterial da cultura popular de Belém. O candidato que prometer isso, eu voto. Essa semana vem aí uma grande rede de magazine fazer sua inauguração em Belém. Além da surpreendente agilidade na construção da loja na Av. Augusto Montenegro, eles ainda me vêm com uma Estatua da Liberdade, prato cheio para caboquice raiz.
Lá da mata da Marinha já é possível ver. As pessoas já passam imaginando suas fotografias. Eu estava dirigindo como motorista de aplicativo quando uma senhora e sua filha me pediram pra parar lá na frente. Desceram, a filha sacou o celular, a mãe arrebitou o bumbum, fez biquinho, abriu os braços e click: foto no mais novo ponto turístico de Belém. A caboquice vibra e pulsa em nossos corações.
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No sábado teve título mundial na cidade, ou pelo menos foi assim que os remistas comemoraram a vitória. Eu já nem lembrava como era ser zoado, com eles tendo razão, por uma vitória do clube rival, pois havia sido 10 peias seguidas. Antes comemoravam erros de juiz, pênalti com andadinha no final da Copa Verde e falavam de um tal tabu que ninguém lembra e nem é título.
Só faltaram dar volta olímpica no BRT, só faltava marcar aglomeração na Doca. Parabéns, confesso que estava até sentindo falta de ser zoado. Só zoar, parece que perde a graça. Mas calma, ainda tem muito campeonato pela frente.
Em breve voltaremos a reinar.
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