Em Belém e região metropolitana, a cada dia que passa vemos a quantidade alarmante de agentes de segurança sendo vítimas de ataques ou mortos.
Segundo o instituto “Fogo Cruzado” somente os seis primeiros dias de novembro já acumula seis agentes de segurança baleados. Entre as vítimas, quatro morreram e duas ficaram feridas.
O Instituto considera agentes de segurança os policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas, na ativa, na reserva ou reformados.
No ano de 2024 , 36 agentes de segurança foram baleados: 24 morreram e 12 ficaram feridos. Com 24 baleados, os policiais militares são a maioria das vítimas. A cada três agentes baleados em 2024, dois pertenciam à categoria.
Também foram registrados seis policiais penais, três guardas municipais, um policial civil, um oficial da Aeronáutica e um oficial da Marinha baleados.
Entre os 36 agentes, 20 foram baleados quando estavam fora de serviço ou de folga, outros nove eram aposentados ou exonerados do cargo e seis foram baleados quando estavam em serviço. Uma das vítimas não teve o status de serviço identificado.
Confira os agentes baleados nos primeiros seis dias de novembro:
O6/11 – O Cabo Souza foi morto a tiros na Praça Eduardo Angelim, na Travessa Alferes Costa, na Pedreira, em Belém. O agente de segurança pública lanchava no local quando foi alvejado.
05/11 – O Sargento reformado Alberto de Souza da Silva foi morto a tiros dentro de um estabelecimento no Conjunto Panorama XXI, no bairro Mangueirão.
05/11 – O Sargento Jorge Valente e o Sargento Alex Santos do 37º BPM foram baleados dentro de uma viatura na Passagem Tucunduba, no Guamá. Ambos sobreviveram.
03/11 – O militar da Aeronáutica Kevem Wallace, foi morto a tiros na passagem Tucunduba I, no Guamá, em Belém. Sua namorada, que estava no local, também foi atingida pelos disparos e sobreviveu.
02/11 – O sargento Castro foi morto a tiros na rua São Francisco, no bairro Novo, em Marituba. Ele estava em um bar e foi vítima de um ataque armado sobre rodas.
A equipe de reportagem do Portal Ver-o-Fato recebeu relatos de que nos bairros de Canudos, Sacramenta e Terra Firme, houve toque de recolher por parte da facção “Comando Vermelho”. Segundo os denunciantes, o motivo seriam conflitos entre traficantes e policiais.
Denunciantes revoltados também afirmam que João Lucas Moura Souza, o jovem morto durante uma ação policial na quarta-feira (06), no bairro do Telégrafo era inocente. De acordo com a Polícia Civil, ele morreu após “confronto com a Polícia Militar” durante uma operação que visava combater o tráfico de drogas na área.
A morte de João Lucas gerou revolta entre os moradores, que bloquearam a Avenida Arthur Bernardes com barricadas de madeira e pneus em chamas, próximos à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A manifestação interrompeu o trânsito e mobilizou o Corpo de Bombeiros para controlar as chamas e desobstruir a via.
Autoridades suspeitam que a manifestação foi incentivada por criminosos, que estariam pressionando a população local para protestar.
O tenente-coronel Freitas, comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM), informou que durante a operação foram apreendidos mais de seis quilos de drogas, incluindo uma arma calibre 32. Ele relatou que João Lucas tentou atirar contra os policiais, sendo alvejado e posteriormente socorrido, mas não resistiu. Além de João Lucas, outros dois suspeitos foram autuados em flagrante por tráfico de drogas. A PM também apreendeu munições, uma arma de fogo, um celular e substâncias semelhantes à maconha.
Após o ocorrido, passou a circular no aplicativo de mensagens WhatsApp uma suposta mensagem do “Comando Vermelho Pará” com o intuito de chegar nos policiais, a mensagem repleta de erros gramaticais dizia:
“VAMOS DEIXAR TODOS VOCÊS CIENTES QUE ESTAO MEXENDO COM FAMÍLIA DE AMIGOS QUE NÃO TEM NADA A VER NA GUERRA QUE TEMOS. PEGARAM O IRMÃO DO MC, QUE NÃO SE ENVOLVIA EM NENHUMA PRÁTICA CRIMINOSA, AINDA LIGARAM PRO AMIGO E FALARAM PRA ELE: “VOCÊS ESTÃO FORA DO ESTADO, MAS FICA A FAMÍLIA DE VOCÊS AQUI”, E MATARAM O AMIGO NA LINHA, AINDA PLANTARAM UMA ARMA FORJANDO QUE O MESMO ESTAVA ARMADO, ONDE ELE NÃO ERA ENVOLVIDO COM NADA, A PRÓPRIA POLÍCIA PLANTOU A PROVA PRA FICAREM COMO HERÓIS”.
Segundo os moradores, esse foi o principal motivo do protesto no bairro do Telégrafo. Horas depois, o ex-cabo da PM, Wescley Silva Souza foi executado enquanto lanchava na Praça Eduardo Angelim, na Pedreira.
Wescley foi expulso da corporação oficialmente em 2020, acusado de associação à organizações criminosas que cometiam uma série crimes na Grande Belém, como execuções, extorsões e sequestros. Segundo os moradores da região, há relação entre os crimes.
A mensagem, supostamente enviada pelo “Comando Vermelho Pará” ainda cita que a comandante Érica deu entrevistas afirmando que João Lucas atirou contra as guarnições, o que segundo eles, não procede, e que a morte foi para atingir o irmão da vítima, que faz parte da facção. Segundo os supostos membros da facção, foi perdido um carregamento de fuzil, mas que outros oito estão chegando.
Os supostos membros do “CV” ainda alertam e ameaçam os policiais, dizendo que a escolha de executar familiares de rivais é um caminho dem volta.
A equipe de reportagem do Portal Ver-o-Fato entrou em contato com o delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Walter Resende e com o secretário estadual de segurança pública, Uálame Machado, mas até o presente momento não obteve respostas. O espaço segue aberto para declarações.
Vídeo do atentado mortal contra o PM: