Moradores dos bairros do Marco, Souza, Una, Curió e Terra Firme, dentre outros sufocados, perguntam em uníssono: por onde andam e o que fazem as Secretarias Municipal e Estadual de Meio Ambiente para descobrir quem está cercando Belém de fogo, fumaça e poluição nos últimos dias, principalmente à noite, entrando pela madrugada.
Ninguém consegue respirar, dormir, abrir a porta de casa, janelas, ir ao quintal ou andar pelas ruas. É um cheiro de queimado que invade as residências e os pulmões, inquietando pessoas alérgicas e roubando o sossego de doentes, com problemas respiratórios e também de sadios, inclusive crianças, que não conseguem estudar ou ler. Ontem, por exemplo, foi mais uma noite de terror.
Detalhe: o que está ocorrendo agora é o mesmo que ocorreu em agosto passado. Pior ainda: mesmo alertadas, as autoridades ambientais nada fizeram. Não identificaram os responsáveis por essas queimadas criminosas – sequer pesquisaram a origem do fogo e da fumaça – e, portanto, nenhum predador do meio ambiente foi punido.
O que se teve em demasia, no lugar de trabalho investigativo e providências para punir os criminosos, foram explicações técnicas, aliás, muitas. A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Codec) e o Corpo de Bombeiros, por exemplo, disseram que a poluição ambiental era causada por “incêndios em vegetação, entulho ou lixo na região metropolitana de Belém”.
Chegaram a dizer também, levantando uma tese não comprovada, que os incêndios florestais teriam se deslocado de Altamira, Itaituba, Marabá, Parauapebas e Redenção, ou seja, entre 600 e 800 km de distância da capital, para Belém, pelas correntes de ar.
Mais pé no chão e com menos viagem na maionese ambiental, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explicou que “o ar seco forma um tampão que dificulta o processo que dissipa o ar, devido ao fenômeno chamada de inversão térmica”.
“Por isso que essa formação ocorre no início da manhã, quando o sol nasce o fluxo de vento é maior e dissipa essa camada de fumaça. A camada de fumaça era fina e provavelmente de queimadas da região nordeste do estado, já que o vento está vindo do leste”, disse em agosto o chefe da Meteorologia do Inmet no Pará, José Raimundo Abreu.
Acontece que o fumaceiro e o cheiro de coisa queimada tem começado à noite e não pela manhã. E aí, qual a explicação? E, mais do que isso, que providência será tomada para que os moradores de Belém consigam respirar melhor e evitar tapar seus narizes contra o odor que parece entrar por todos os poros?
Com a palavra, mais uma vez, as autoridades ambientais deste Estado.
Mexam-se.
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