Em processo de venda, mas com interessados desistindo do negócio porque a empresa não tem documentação sobre a propriedade de 106 mil hectares – a quase totalidade das terras pertencem a particulares, ao Estado e à União – a Agropalma enfrenta novo protesto na região do Acará, onde ela mantém suas plantações de palma para industrialização e exportação de dendê e seus derivados.
A denúncia é de moradores da vila Turiaçu, que alegam terem sido surpreendidos na terça-feira (22) com a abertura de uma vala nas proximidades da vila. A situação, segundo o site G1 Pará, é mais um episódio de conflito envolvendo comunidades tradicionais com empresas do ramo de óleo de palma na região.
Uma indígena afirma que, por volta das 15h, o buraco foi avistado por morador que passava pelo local. “Estamos cercados, coagidos por eles, é um crime contra nós”, ela afirma.
Não é a primeira vez que a referida empresa faz escavações para impedir acesso de pessoas em suas áreas controladas para plantações. Em um dos casos, em fevereiro de 2022, buracos com dois metros de profundidades foram cavados na região das fazendas.
Ainda de acordo com o G1, a indígena, que teve a identidade preservada pela reportagem, afirma que o cacique da comunidade foi até o local da escavação ainda na terça-feira e que os moradores iriam tomar providências para que o buraco seja tapado. “Pessoas podem cair, é muito perigoso, sabemos que a empresa faz isso para nos perturbar, nos atormentar”, afirma.
Imagens comprovam o buracão
Vídeos mostram uma retroescavadeira abrindo a trincheira na região. Em outro, moradores aparecem surpreendidos pela escavação. A vala está sendo cavada em área controlada pela Agropalma, que cultiva dendezais na região.
Em nota, a Agropalma assim se manifestou:
“A Agropalma esclarece que tem recebido ameaças de invasões em suas terras no Pará e, diante da gravidade da situação, adotou de forma preventiva a construção de barreiras físicas como medida para segurança física e psicológica de seus quase 5 mil colaboradores que trabalham no local, além da proteção de suas reservas florestais.
É falsa a informação de que as barreiras estão localizadas na mencionada comunidade ou em qualquer outra via pública. As estruturas foram construídas dentro de terras pertencentes à Agropalma e não estão localizadas em nenhuma área de servidão ou passagem pública. Além disso, o espaço está integralmente revestido por telas e estruturas que impedem a aproximação de pessoas ou animais, eliminando o risco de quedas ou acidentes nos locais.
A Agropalma reforça a gravidade da ameaça e relembra que foi vítima, apenas no ano passado, de duas invasões em suas propriedades, com sérias consequências ambientais e danos ao seu patrimônio. Em ambos os casos, as invasões foram resolvidas de forma pacífica perante à Justiça, por meio de audiências que viabilizaram acordos entre as partes representadas no processo.”
Do Ver-o-Fato, com informações do G1 Pará.