Ranieri Monteiro
No dia 13 de novembro de 1981, o grupo pós- Joy Division, New Order, lançava seu primeiro trabalho, o desconhecido “Movement”. Após a morte do líder, criador, cantor e poeta Ian Curtis (o qual fundou a banda punk Joy Division em 1976 até à sua existência em maio de 1980), os remanescentes Bernard Sumner (vocais, guitarra), Peter Hook (baixo, efeitos e backing vocais) e Stephen Morris (bateria, percussão) decidiram dar continuidade aos trabalhos musicais, embora a tristeza tomasse conta do clima pesado depois do suicídio de Curtis, em 18 de maio de 1980.
Em seguida, em junho, os três músicos foram acionados e recrutados por um conhecido produtor inglês de discos, o anfitrião (James) Martin Hannett. Este, com o histórico conhecido do Joy Division em mãos, resolveu apadrinhar e dar uma chance aos novos contratados. No entanto, Hannet os aconselhou a dar o primeiro salto em mudanças no som da banda. Mas para isso uma ideia foi concretizada: o recrutamento de mais uma integrante, chamada Gillian Gilbert.
Tecladista amadora dos bares e pubs de Londres (e namorada à época do baterista Morris), esta logo foi convidada a fazer parte do quadro do grupo. No entanto, depois de muitos ensaios da banda, o produtor Martin Hannet precisava com urgência da gravação e realização de dois singles…e foram feitas: “Ceremony”(uma canção tocada anteriormente pelo Joy Division) e “In a lonely place”, ambas realizadas em janeiro de 1981.
Logo depois, em abril e maio, os New Order foram levados aos estúdios londrinos Strawberry e Stockport para efetuarem de vez a gravação do seu primeiro trabalho. Com apenas 35 minutos de duração, a gravadora Factory Records lançou, em 13 de dezembro de 1981, “Movement”.O álbum não vendeu muito bem, mas rendeu o terceiro lugar em alguns pontos da Inglaterra, segundo os críticos de algumas revistas de música daquele período.
De qualquer forma o trabalho vem recheado com algumas peças sonoras importantes, lembrando demais a sonoridade gótica, punk e dark do Joy Division. Dentre elas, a faixa que abre o disco: “Dreams never end”(cuja temática refere-se ao sonho da banda de permanecer viva e intacta, mesmo sem a presença de Curtis) e “Doubts even here” (nesta, a impressão que se tem é de estarmos ouvindo o cantar sombrio de Ian Curtis).
Nessas, Sumner esforçou-se bastante para sua voz soar como a do amigo falecido. Outras canções como “Truth” e “Chosen time”, apresentam sonoridade eletrônica e, pitadas de New Wave (fios sonoros cuja banda expandiria em seus próximos trabalhos). Há também ótimos momentos do pós-punk como nas faixas “Senses”, “ICB”, The Him” e “Denial”.
Embora com as baixas vendas do disco e a banda sendo malhada por antigos fãs do Division, o New Order não desistiu e, a pedido de Hannet, lançaram mais dos singles, em setembro daquele ano: “Everythin’s gone green” e “Procession”.Estas, sim, alavancando de vez o sucesso do grupo. A capa do álbum foi idealizada e desenhada pelo designer gráfico Peter Saville.
A imagem representa a lateral de um navio em um oceano azulado (daí a cor azul da capa!), em “movimento”, sendo assim metaforizando a banda para dar continuação à sua música e livrar-se de vez das sombras de Ian Curtis, de Joy Division. Atualmente o disco transformou -se num clássico do pop music mundial e arrebentando o corações de novos descobridores e ouvintes do New Order… Parabens, Movement”.