Em cerca de quatro meses, entre maio e agosto de 2016, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) contabilizou nove antas atropeladas na rodovia BR-163, no trecho que corta o Parque Nacional do Jamanxim e a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, entre os municípios de Altamira e Novo Progresso, no sudoeste do Pará.
Vários trechos da estrada são perigosos para os animais, especialmente entre os quilômetros 6 e 76, considerados, na época do estudo, os locais com a maior concentração de antas atropeladas de todas as estradas do país.
No total, entre 2015 e 2018 foram 51 antas mortas nos trechos asfaltados da estrada. A espécie Tapirus Terrestris é considerada ameaçada de extinção e está na categoria vulnerável.
De acordo com o ICMBio, a morte de tantos animais adultos por atropelamento pode acelerar os riscos e acarretar consequências genéticas graves para o futuro da população de antas e de outros vertebrados.
A rodovia BR-163 está sendo pavimentada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) e o licenciamento, feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), previa condicionantes específicas para garantir a segurança da fauna das áreas protegidas que são atravessadas pela estrada.
Até agora, não foram adotadas todas as medidas de proteção à fauna, inclusive a sinalização da estrada. Na quarta-feira (23), o Ministério Público Federal (MPF) enviou uma recomendação aos presidentes do Ibama e do Dnit para que tomem com urgência as medidas necessárias para cumprir as condicionantes e proteger os animais.
As medidas recomendadas são: sinalização efetiva e construção de passagens de fauna; sinalização nos trechos onde há maior registro de atropelamento de fauna com placas de limite de velocidade; instalação de radares nos trechos asfaltados da rodovia, nos locais onde ela atravessa o Parque Nacional do Jamanxim e a Reserva Biológica Nascentes Serra do Cachimbo; instalação de telas, cercas guias e passagens secas em todas as passagens de fauna entre os quilômetros 6 e 100 da BR-163; e o monitoramento permanente da situação por meio de campanhas de amostragem. Todas as medidas devem ser comprovadas documentalmente ao MPF.
Além de mortes de antas, ocorrem dezenas de atropelamentos de animais diariamente nas estradas paraenses, sem que haja registros oficiais. Quem trafega todos os dias pelas rodovias constata mortes de tamanduás, cobras, quatis, preguiças e outros.
Assim que o documento for recebido, tanto Eduardo Fortunato Bim, presidente do Ibama, quanto Antônio Leite dos Santos Filho, presidente do Dnit, têm dez dias para responder à recomendação do MPF.
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