As mulheres paraenses não têm paz e continuam a ser vítimas de assassinatos e agressões diárias. Dentro de casa, na rua, no trabalho, em praças. Enfim, onde elas estiverem à mercê de homens covardes, com instinto de psicopatas e muitas vezes rejeitados por não se adaptarem a uma convivência a dois. Homens que tratam mulheres como suas propriedades ou objetos pessoais e dos quais se recusam a abrir mão, como se fossem também donos de vidas e sentimentos.
De janeiro a novembro deste ano, mais de 52 mulheres foram assassinadas no Pará em casos que chocaram e indignaram a população. Baleadas, esfaqueadas, estranguladas, agredidas a socos e pontapés. São casos que parecem cair no vazio das frias estatísticas. Vidas interrompidas que se transformam em números cruéis de uma sociedade próxima da barbárie.
Nesta semana que passou, para variar, mais dois casos de flagrante de crimes contra as mulheres. Primeiro, pelo uso de palavras que ferem e machucam como uma facada. Um professor universitário, durante aula de medicina, cultua o estupro e critica aluna por erro com instrumento de intubação. O caso extrapolou as manchetes locais e ganhou os noticiários do país.
E ontem, sábado, tivemos um caso evidente de um empresário dando um golpe “ mata leão “ em uma indefesa mulher, dentro de um carro no centro de Belém. Sabe-se lá o que ele não iria fazer caso não tivesse sido filmado por outra mulher, que saiu em defesa da vítima. O agressor, inclusive, já responde a dois crimes contra a lei Maria da Penha. Ou seja, é reincidente.
Vale lembrar – e cobrar – que no Ministério Público do Pará existe um núcleo de estudos contra a violência à mulher. Esse núcleo quase toda semana faz reuniões para debater o assunto mas quando chega na hora de atuar, paira o silêncio.
Por conta disso, é preciso sair da bolha e tomar atitudes concretas. Não dá para esperar que as vítimas procurem o MP. O fiscal da lei precisa tomar providências de ofício, uma vez que a ação penal é pública e o ministério, como o próprio nome diz, é público e não privado.
Mais ação, senhores e senhoras.