O que começou como uma manifestação pacífica de professores e servidores públicos em frente à Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) se transformou em um cenário de confronto e violência nesta quarta-feira (18). A tropa da Polícia Militar utilizou balas de borracha, spray de pimenta e cassetetes para dispersar os manifestantes que protestavam contra o Projeto de Lei 729/2024, proposto pelo governador Helder Barbalho (MDB).
A proposta, que já avançou nas comissões da Alepa e aguarda votação em plenário, prevê alterações no Estatuto do Magistério e outras medidas que impactam salários, direitos e conquistas históricas dos servidores públicos da educação. O clima de tensão escalou quando os deputados estaduais Erick Monteiro e Renato Oliveira tentaram acessar a Alepa e foram bloqueados pelos manifestantes.
Diante do impasse, a Polícia Militar, responsável pela segurança do local, interveio de forma agressiva. Balas de borracha e spray de pimenta foram disparados contra os manifestantes, muitos dos quais eram professores e servidores que reivindicavam seus direitos. Jociana Ribeiro, professora de Abaetetuba, foi atingida durante a ação e passou mal.
Ela precisou ser socorrida por uma equipe do Corpo de Bombeiros no local. Outros professores também ficaram feridos, sangrando um deles na cabeça.
O episódio gerou indignação entre os manifestantes, que acusam o governo estadual de ignorar as demandas da categoria e reprimir brutalmente sua luta. “Estamos aqui porque nossos direitos estão sendo atacados. E agora ainda somos tratados como criminosos?”, questionou um professor que preferiu não se identificar.
Projeto polêmico aumenta revolta
O foco da manifestação é o polêmico Projeto de Lei 729/2024, que, segundo os manifestantes, ameaça direitos consolidados dos profissionais da educação e impõe perdas salariais. O governador Helder Barbalho pressionou os deputados para a aprovação do texto, que já enfrenta resistência dentro e fora da Alepa.
“Esse projeto desrespeita anos de luta pela valorização do magistério e mostra um governo insensível às necessidades de quem constrói a educação no Pará”, afirmou um representante do sindicato dos professores.
O clima ao redor da Alepa é de apreensão. Enquanto a votação prossegue, professores e servidores prometem resistir e continuar pressionando os deputados a rejeitarem a proposta.
A violência registrada nesta quarta-feira expõe a crescente tensão entre o governo e os servidores públicos, que se veem acuados por medidas que consideram prejudiciais. O episódio também levanta questões sobre o uso desproporcional da força policial contra manifestantes que exercem seu direito legítimo de protestar.
Um futuro incerto
O confronto em frente à Alepa marca mais um capítulo da luta dos professores e servidores públicos do Pará contra medidas que consideram um retrocesso. Enquanto o governo estadual busca justificar as mudanças como uma necessidade fiscal, os trabalhadores denunciam o desmonte de direitos e a falta de diálogo.
Resta saber se, diante da resistência e do clamor das ruas, os deputados estaduais ouvirão as vozes daqueles que dedicam suas vidas à educação ou seguirão a cartilha do Executivo, ignorando os gritos que ecoam além das portas da Alepa.
VEJA AS IMAGENS