O Ver-o-Fato mostrou ontem aqui uma confusão envolvendo policiais da Rotam (PM) e a família de um acusado de assassinar um guarda municipal no bairro da Guanabara, em Belém. As informações eram de que a família teria tentado dificultar a prisão e isso teria dado origem ao confronto.
Mas novas imagens mostram o “outro lado da moeda”, com a versão da família. Segundo informações, uma das familiares havia acabado de chegar de uma consulta médica e estava acompanhada de um bebê de 3 meses e uma criança de 7 anos. Prevendo a confusão, pediu para se abrigar no interior de sua casa, mas os policiais de maneira rude, também dizendo que ela queria acobertar o acusado, não teriam autorizado.
Pior ainda, teriam jogado spray de pimenta próximo das crianças, fazendo com que o bebê passasse muito mal e quase viesse a óbito. A família também relata que duas senhoras, uma de 56 e outra de 72 anos, foram empurradas, além de um senhor ter levado um tiro de bala de borracha na perna. Em um dos vídeos é possível ver a mãe, desesperada, com o filho na cama, com dificuldade para respirar.
Os policiais estariam todos sem identificação no fardamento e, perguntados por um dos familiares – estudante de direito, portanto, conhecedor das leis – se eles tinham mandado de prisão, os mesmos teriam sido irônicos e respondido “tu não é caralho nenhum”, além de bradarem em tom intimidatório: “aqui é ROTAM”. Além disso, o acusado teria sido torturado.
A família também disse ao jornal O Liberal que sofre recorrentes perseguições de polícia. Um dos membros disse ao jornal: “Não é de hoje que a minha família e sobretudo meu primo sofre com perseguição policial. Ele havia sido preso em 2019 pela lei de tóxicos, embora ele fosse usuário, ele foi preso como traficante e hoje responde em liberdade, sendo monitorado. Desde então, ele vem sofrendo ameaças e perseguição. Toda execução de agente de segurança na região metropolitana em Belém é vinculada a imagem dele, que eles espalham no Whatsapp e Facebook”.
Relato ao Ver-o-Fato
Ao Ver-o-Fato, a dona da casa que sofreu a ação relatou o seguinte: “Eu estava junto de minha neta na sala da minha casa, quando chegaram 4 viaturas da Rotam, desceram gritando “cadê o Jonathan? Cadê o Jonathan?”… Eu assustada olhei para o portão da minha casa e logo percebi que não estava trancado, corri para trancar, e os mesmo invadiram a casa, sem permissão para entrar, sem mandato nenhum, e parcialmente exaltados. Logo então eu, muito assustada, gritei “Jonathan, a polícia meu filho…” Foi então que meu filho apareceu na escada, e eles falaram “Desce aí moleque!!!”.
Então o mesmo Jonathan, desceu, e os militares começaram a dizer para que eu saísse da casa. Eu respondi “não, pois não iria deixar meu filho.” Então eles conduziram o meu filho para o quintal da minha casa, e a todo custo queriam me tirar de perto do meu filho. E eu revidando dizendo que não iria sair.
Peguei minha neta nos braços, segui em direção ao meu filho, chegando mais próximo dele, os militares disseram que eu teria que sair de lá sobre pena de ser presa por desacato às autoridades. Eu, temendo pela integridade física do meu filho, pois essa não é a primeira vez que a polícia invade a minha casa, alegando sempre “falsas denúncias.” Falei que não estava desacatando, apenas não queria deixá-lo com medo do que pudesse acontecer.
Então, o militar muito exaltado me algemou com minha neta nos braços. Então eu gritei pedindo ajuda a minha cunhada, para que pegasse minha neta de meus braços e ele me conduziu a viatura.”
Diante da ação e dos diversos vídeos gravados, a família já registrou boletim de ocorrência na corregedoria e vai até o Ministério Público do Pará para demais providências cabíveis.
O que diz o comando da PM sobre o relato acima e a comprovação com as imagens? O caso é também da alçada do Ministério Público Militar. Ouvido pelo Ver-o-Fato agora a pouco e após ver os vídeos da ação da Rotam, o promotor Armando Brasil adiantou que abrirá Inquérito Policial Militar para apurar a conduta dos militares no caso.
Veja os vídeos:
Discussion about this post