Na tarde desta quinta-feira (17), a historiadora e cantora Tertuliana Lustosa protagonizou uma performance polêmica durante uma palestra na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O evento, parte do I Encontro de Gênero do Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep), foi marcado pela apresentação de Lustosa, que subiu em uma cadeira, levantou o vestido e expôs suas partes íntimas. Ao final da performance, ela declarou: “Educando com o cu”, uma frase que gerou repercussão imediata.
Lustosa, que é autora da música “Murro na costela do viado” e integrante do grupo musical “A Travestis”, possui 26,9 mil seguidores no Instagram e usou sua performance para apresentar sua pesquisa. Durante a palestra, que tinha como tema “Dissidências de gênero e sexualidades”, a historiadora interpretou uma de suas canções que incluía versos explícitos como: “No mestrado da putaria, vou te ensinar gostoso… Aqui não tem nota, nem recuperação, não tem sofrimento e se aprende com tesão. De quatro, empino o c*”.
Nas redes sociais, Lustosa defendeu sua apresentação, afirmando que a universidade é um espaço de múltiplas formas de conhecimento, incluindo o “proibidão”. “Convido vocês a conhecer a minha pesquisa: Educando com o C… e entender que a universidade é, sim, lugar de múltiplas formas de conhecimento”, escreveu ela.
A apresentação de Lustosa gerou uma onda de críticas nas redes sociais, sendo comparada a um episódio recente envolvendo uma dança erótica no Ministério da Saúde, que também suscitou controvérsias. A Universidade Federal do Maranhão emitiu uma nota oficial, na qual afirmou que “tomará as providências cabíveis” e destacou que a instituição “não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição”.
A UFMA destacou ainda que o evento, intitulado “Gênero para além das fronteiras: tendências contemporâneas na América Latina e no Sul global”, tem como objetivo promover o debate acadêmico sobre questões de gênero e interseccionalidade a partir de uma perspectiva do Sul global. No entanto, a instituição reiterou que, apesar de valorizar a pluralidade de ideias e a liberdade de expressão, é importante manter um ambiente de respeito e harmonia dentro do ambiente acadêmico.
O caso reacendeu debates sobre os limites da liberdade de expressão em ambientes acadêmicos e a adequação de certas manifestações culturais em espaços destinados à troca de conhecimentos. A UFMA informou que ouvirá todas as partes envolvidas antes de tomar qualquer decisão final sobre o incidente.
O encontro acadêmico segue até esta sexta-feira (18), com a promessa de discussões sobre as tendências contemporâneas de gênero na América Latina e no Sul global, mas o foco, por ora, permanece sobre a polêmica performance de Lustosa e suas implicações.