Na manhã desta terça-feira, 15, um homem decidiu tomar uma atitude desesperada e solitária para chamar atenção ao caos diário no trânsito da BR-316. Cansado dos intermináveis transtornos provocados pela obra do BRT Metropolitano, que se arrasta há seis anos, ele resolveu caminhar na frente de uma carreta carregada com seixo, num ato que deixou todos ao redor em alerta.
O protesto foi registrado em vídeo e enviado ao portal Ver-o-Fato, onde é possível ouvir suas palavras de frustração diante do descaso do governo estadual. A situação era tensa: algumas pessoas que assistiam à cena afirmavam que o homem parecia ter “surtado de indignação”, tamanha era sua revolta.
Ele caminhava colado à frente do caminhão, que avançava lentamente, quase tocando em seu corpo. A qualquer momento, temia-se que pudesse ser atropelado, enquanto seguia em frente, falando sem parar e cobrando providências diretas do governador Helder Barbalho.
O risco não era apenas uma metáfora para o perigo que os cidadãos enfrentam diariamente na BR-316, mas uma cena literal de desespero.
O BRT Metropolitano, prometido como solução para desafogar o trânsito, virou sinônimo de sofrimento para motoristas, motociclistas e pedestres. Diariamente, os moradores enfrentam longos engarrafamentos, vias interditadas, desvios improvisados e, tragicamente, acidentes que já resultaram em mortes e atropelamentos.
Se era para melhorar, o que se vê é uma obra que parou no tempo e transformou a vida de quem depende dessa rota em um pesadelo diário.
Conversa mole e promessas
A promessa do governador era clara: entregar o BRT em 2018, depois em 2019, e assim sucessivamente. Quatro vezes a data foi postergada, e agora, como um paliativo para acalmar os ânimos, surge a nova promessa de que será inaugurado até a COP 30, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém.
Mas quem ainda acredita? São seis anos de espera, transtornos e R$ 1 bilhão investido em uma obra que já nasceu ultrapassada, segundo especialistas em mobilidade urbana. O projeto, que deveria ser a solução para o estresse diário no trânsito, hoje é apenas um elefante branco, que parece estar longe de ter um fim.
O protesto solitário deste homem é um reflexo de uma indignação que é coletiva. Quando um cidadão comum sente a necessidade de arriscar a própria segurança para ser ouvido, algo está terrivelmente errado.
O que é necessário para que as autoridades finalmente cumpram suas promessas? Quantas vidas mais serão perdidas, quantas promessas adiadas e quantos milhões de reais desperdiçados até que o BRT saia do atoleiro da demora e vire realidade?
A população exige respostas. Não se trata apenas de uma obra, mas de respeito aos cidadãos que todos os dias enfrentam o caos na BR-316. Se a promessa é de finalização até a COP 30, que não seja mais uma data vazia. Que o governo mostre a competência e a responsabilidade que até agora têm faltado para entregar o que foi prometido e garantir o direito de ir e vir de forma segura e digna.
Dizem que o homem “surtou” com tanto descaso. Então, temos milhares de “surtados” diariamente na BR-316 que gritam e não são ouvidos pelo governador.
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