Enquanto o governo Lula se apresenta como defensor dos trabalhadores, os servidores do INSS estão se sentindo negligenciados e desrespeitados, com suas reivindicações ainda sem resposta. A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que já dura um mês e meio, continua firme, com demandas que incluem reajustes salariais, reestruturação da carreira e a transformação da função em típica do Estado.
A Câmara dos Deputados sediou na quarta-feira, 28, um debate conduzido pela deputada Erika Kokay (PT-DF), na Comissão de Administração e Serviço Público, onde os servidores reiteraram suas exigências e a insatisfação com a postura do governo federal. Kokay, que assumiu a liderança na discussão, expressou seu descontentamento com a judicialização da greve e os cortes salariais impostos aos servidores grevistas, afirmando que o fim de uma greve deve ser alcançado por meio de negociações, e não por medidas repressivas.
“Final de greve não se determina pela Justiça, não se determina com a opressão de retirar salário e sobrevivência dos servidores e das servidoras. Final de greve se conquista em um processo negocial”, enfatizou a deputada Kokay durante transmissão da audiência pela Rádio Câmara.
Os servidores do INSS relataram na reunião que se sentem desrespeitados pelo tratamento recebido do governo de Lula e consideram as negociações até agora impostas como unilaterais e insuficientes. A greve, que se estendeu por mais de um mês, reflete a frustração crescente da categoria.
Isadora Ferreira, técnica do Seguro Social e representante do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social de São Paulo, destacou a necessidade de um reajuste salarial substancial, a exigência de nível superior para a função e a exclusividade das atribuições dos servidores do INSS. “Nós queremos que nossas atribuições sejam exclusivas, porque somos altamente qualificados para o que fazemos. Não é aceitável que outros profissionais de níveis inferiores ou de outros órgãos possam exercer nossas funções”, afirmou Ferreira.
Disparidade de tratamento
Guilherme Molinaro, técnico do INSS e representante da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal, criticou a disparidade entre o tratamento recebido pelos servidores do INSS e outras carreiras do serviço público federal. “O INSS é fundamental para a distribuição de renda no Brasil, com a maior folha de pagamento e o maior gasto público voltado à Previdência. Esperamos ser tratados com o devido respeito”, disse Molinaro.
A deputada Erika Kokay também lamentou a ausência dos representantes do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e do próprio INSS na reunião, ressaltando que a falta de participação desses atores essenciais prejudica a busca por uma solução efetiva para o impasse.
O cenário atual deixa claro que, apesar das promessas de apoio ao trabalhador, o governo Lula enfrenta uma crescente pressão para atender às demandas legítimas dos servidores do INSS, cuja luta por melhores condições e reconhecimento de suas funções continua sem uma resolução satisfatória.
MANIFESTAÇÃO DOS SERVIDORES: