A última investida musical de Kim Jong-un, líder incontestável da Coreia do Norte, não só causou sensação nas redes sociais, mas também se tornou uma sensação inesperada no reino do TikTok. “Friendly Father”, sua mais recente faixa de electropop, conquistou a atenção da Geração Z, que não consegue resistir ao seu charme “distópico”.
Com uma batida cativante de synth-pop, o hino de propaganda exalta Kim Jong-un como o grande líder, prometendo um “futuro mais brilhante” para o povo norte-coreano. Acompanhando a música, um vídeo repleto de montagens de times de futebol ganhando torneios e cientistas aplaudindo o ditador em meio à pandemia de Covid, retratam uma narrativa de unidade e louvor ao líder supremo, conforme relatado pelo Daily Star.
O TikTok foi inundado com reações à música, com usuários descrevendo-a como “distópica de forma cativante” e comparando-a ao clímax de um filme onde todos se unem em cântico. O britânico Matas Kardokas compartilhou sua experiência ouvindo a melodia em uma cafeteria, acumulando mais de 400.000 curtidas.
Para Peter Moody, analista norte-coreano da Universidade Sungkyunkwan, o fenômeno é notável. Ele observa que, embora músicas norte-coreanas já tenham viralizado anteriormente, geralmente era para serem ridicularizadas. No entanto, esta é uma das primeiras vezes em que uma música norte-coreana ganha apreciação global, musicalmente falando.
Moody enfatiza o objetivo estratégico por trás da música: tornar-se um chiclete auditivo que molda a percepção dos norte-coreanos sobre seu líder supremo, solidificando o status de Kim Jong-un ao lado de seus antecessores. Ele destaca que a canção busca reforçar a imagem de Kim como uma figura paternal, elevando-o ao nível de seu pai e avô, numa estratégia para consolidar ainda mais seu poder.
Essa incursão musical na propaganda não é novidade na Coreia do Norte, onde os cidadãos são expostos diariamente a músicas de exaltação ao Líder Supremo, ecoando pelas praças das cidades e até mesmo estampadas nos jornais do país. “Friendly Father” é apenas mais um capítulo dessa longa história de controle e influência através da música.
