Com a audácia típica de um coronel de barranco, o governador Helder Barbalho rasgou de vez a fantasia de democrata com a qual se apresentou nos palanques eleitorais da reeleição. O que ele anda fazendo pelo interior do Pará é coisa capaz de fazer corar até frade de pedra.
Para o governador, vale tudo no jogo de intimidação e violência contra adversários políticos na tentativa de mostrar serviço para eleger o ex-presidente Lula, o aliado da hora. A máquina pública estadual e a caneta são as armas que tanto servem para agradar aliados e fazê-los trabalhar em favor do petista, quanto para pressionar, coagir e aterrorizar prefeitos e vereadores que não rezam pela cartilha do chefe do Executivo.
Informações que chegam ao Ver-o-Fato apontam que Helder, como autêntico fanfarrão, manda derrubar e usa a polícia estadual para retirar de ruas e praças cartazes do adversário do candidato dele, impondo medo sobre quem ousa contrariá-lo.
Não é de estranhar essa atitude. Quem conhece Helder sabe que ele não admite críticas, até mesmo as construtivas. Não quer respeito, cobra subserviência. Por conta disso, se não consegue cooptar adversários, oferecendo-lhes benesses de órgãos e cargos de quarto escalão, passa a tratá-los como inimigos.
O esperneio e o desespero do governador são livres. E pode apoiar quem quiser, ou quem com ele tenha afinidade política, ideológica ou moral. O que não pode é intimidar, constranger, ameaçar e demitir quem não se submete a seus ditames antidemocráticos.
Na verdade, o governador não apoia Lula de graça e o preço é alto. Dos bastidores chegam notícias de acerto, caso o petista seja eleito, de fazer do empresário Jader Filho, irmão do governador, ministro de Estado. Isso abriria caminho em Brasília para Helder tentar alçar voo mais alto na política nacional.
O pai, senador Jader Barbalho, que já foi chamado por Lula de “o maior corrupto desse país”, discretamente apoia a costura feita nos subterrâneos.
Porém, caso Lula não vença – é óbvio -, a estratégia de Helder levará o farelo, como diz um genuíno paraense. Se der certo, contudo, ninguém vai segurar Helder e seus arroubos autoritários. Os que conhecem as fragilidades e as armas do governador, mas a ele não devem satisfações, que se cuidem. A perseguição será implacável.
Quem está preparado?