Decisão foi assinada ( leia integra no fina da matéria) pelo ministro do STF, que recebeu postagens do dono da rede anunciando desobediência a ordens judiciais
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes determinou neste domingo (7) a inclusão do empresário americano Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), no inquérito sobre as milícias digitais, além da abertura de investigação para apurar eventual prática dos crimes de obstrução à Justiça, organização criminosa e incitação ao crime.
Ele estabeleceu ainda multa de R$ 100 mil por perfil bloqueado judicialmente que for reativado pela plataforma.
Na decisão, Moraes diz que é “inaceitável que qualquer dos representantes dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageira privada, em especial o ex-Twitter, atual “X”, desconheçam a instrumentalização criminosa que vem sendo realizada pelas denominadas milícias digitais, na divulgação, propagação, organização e ampliação de inúmeras práticas ilícitas nas redes sociais”.
A determinação do ministro ocorre depois de uma série de postagens do bilionário na rede social anunciando, inclusive, que iria descumprir ordens da Justiça brasileira e reativar perfis até então bloqueados.
“A flagrante conduta de obstrução à Justiça brasileira, a incitação ao crime, a ameaça pública de desobediência as ordens judiciais e de futura ausência de cooperação da plataforma são fatos que desrespeitam a soberania do Brasil”, afirma Moraes.
De acordo com o ministro, as atitudes de Musk “reforçam a conexão da dolosa instrumentalização criminosa das atividades do ex-Twitter, atual “X”, com as práticas ilícitas investigadas pelos diversos inquéritos anteriormente citados, devendo ser objeto de investigação da Polícia Federal”.
“Está caracterizada a utilização de mecanismos ilegais por parte do “X”; bem como a presença de fortes indícios de dolo do CEO da rede social, Elon Musk, na instrumentalização criminosa investigada em diversos inquéritos (em tramitação no STF, como o das fake news, das milícias digitais, dos financiadores de atos antidemocráticos e do ato golpista de 8 de janeiro)”, anotou Moraes.
Segundo o ministro, a conduta da plataforma, configura, em tese, abuso de poder econômico, ‘por tentar impactar de maneira ilegal a opinião pública. Além disso, pode consistir em ‘flagrante induzimento e instigação à manutenção de diversas condutas criminosas praticadas pelas milícias digitais, com agravamento dos riscos à segurança dos membros do Supremo’. Nesse ponto, Moraes citou inclusive mensagens com conteúdo de ódio realizadas em apoio às publicações de Musk.
O relator do inquérito das milícias digitais ainda viu possível ‘obstrução à Justiça em organizações criminosas sob investigação e claro atentado ao Poder Judiciário brasileiro.
“Incitação ao crime”, diz ministro
A flagrante conduta de obstrução à Justiça brasileira, a incitação ao crime, a ameaça pública de desobediência as ordens judiciais e de futura ausência de cooperação da plataforma são fatos que desrespeitam a soberania do Brasil e reforçam à conexão da dolosa instrumentalização criminosa das atividades do ex-Twitter, atual “X”, com as práticas ilícitas investigadas pelos diversos inquéritos anteriormente citados, devendo ser objeto de investigação da Polícia Federal”, apontou.
O ministro ainda frisou que, após o 8 de janeiro, ‘de maneira absolutamente pública e transparente’, foi realizada uma reunião, no TSE, com os representantes das principais redes sociais usadas no País – inclusive o antigo Twitter – sobre o uso das plataformas para os crimes cometidos na intentona golpista.
No encontro, foi debatida a ‘necessidade da constituição de um grupo de trabalho para a apresentação de propostas de autorregulação e regulamentação legislativa, no sentido de se evitar a permanência das condutas ilícitas reiteradas de maneira permanente nas diversas plataformas, por meio de incitação ao crime, conteúdo discriminatório, discurso de ódio, discurso atentatório ao Poder Judiciário, e condutas contra a lisura das eleições e ao Estado Democrático de Direito’, apontou ainda Moraes.
Segundo o relator do inquérito das milícias digitais, apesar da ‘permanente e habitual instrumentalização criminosa dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada, para a prática de inúmeras e gravíssimas infrações penais’ não haviam ‘indícios de conduta dolosa’. No entanto, tal situação mudou – de acordo com Moraes – quando Musk ‘iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação’ do STF e do TSE. Com informações do R7 e Estadão.