Das 31 operações federais realizadas no Brasil, nos últimos 13 anos, em áreas de garimpo, 12 foram feitas no Estado do Pará, onde quase não há fiscalização estadual neste setor, por causa principalmente da falta de legislação específica e devido a interesses políticos e econômicos não governamentais.
Um levantamento feito pelo Observatório da Mineração, um centro de jornalismo investigativo sobre mineração, violações socioambientais, lobby e relações políticas do setor mineral, mostra que desde 2008, 333 trabalhadores foram resgatados de garimpos no Brasil, em condições análogas à escravidão.
De acordo com o observatório, a extensão desses resgates em garimpos nunca havia sido revelada antes e o Pará é o estado campeão com larga margem, com 12 operações federais e 206 trabalhadores resgatados do trabalho escravo em garimpos.
As fiscalizações ocorreram sobretudo na Amazônia e no Nordeste, nos estados do Amazonas, Amapá, Rondônia, Mato Grosso e na Bahia, Paraíba e Rio Grande do Norte. Apenas o Tocantins, com uma operação, está no Centro-Oeste.
Segundo o levantamento, em comum, os trabalhadores são encontrados em condições precárias, sem instalações adequadas para alojamento, sem banheiros, consumindo água contaminada, com alimentação improvisada, sem equipamento de proteção, em jornadas exaustivas, sem qualquer vínculo formal e submetidos a dívidas acumuladas com o dono do garimpo.
Nos garimpos, é o ouro que lidera a incidência, seguido da extração de pedras preciosas, como a ametista, o garimpo de caulim e gesso e o estanho.
Entre os municípios paraenses onde foram resgatados trabalhadores escravos, Jacareacanga, na Região do Tapajós, aparece em primeiro lugar com 83 casos. Em segundo vem Santa Maria das Barreiras, na Região Araguaia, com 52 resgates. Em seguida vem Cumaru do Norte (Araguaia), com 27; Rio Maria (Araguaia), com 22; Água Azul do Norte (Araguaia), com 13; Anapu (Xingu), com 7 e Curionópolis (Carajás), com 2 casos.