Servidores do Hospital Abelardo Santos encaminharam nova denúncia ao Ver-O-Fato, dizendo que a enviaram ao governador Helder Barbalho, pedindo a interferência dele na gestão da instituição, alegando que, apesar da mudança no comando, a diretoria anterior foi mantida pela Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), praticando desmandos contra os funcionários.
Segundo os denunciantes, a partir do dia 6 deste mês começou o contrato de gestão da Organização Social Mais Saúde para os próximos anos do Hospital Abelardo Santos, mas a Sespa, ao invés de acompanhar e fiscalizar a transição de uma empresa para outra, está interferindo e impondo a permanência da diretoria do Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), ex-gestor do hospital.
A justificativa utilizada, segundo os servidores, é de que o hospital vai escrever uma nova história, “o que é contraditório uma vez que os atores principais fazem parte de um ciclo de 6 meses de gestão ineficiente”.
Os funcionários afirmam ainda que passaram a acreditar que existem interesses pessoais da Sespa pela permanência dessas pessoas, que tecnicamente deixaram a desejar neste período em que estiveram à frente da gestão, cometendo uma série de desmandos contra os servidores e colaboradores.
“O que também nos deixa preocupados é a fragilidade que a Mais Saúde já demonstrou, já que não tem ingerência sobre o atual contrato de gestão, tampouco, sobre as decisões equivocadas adotadas por estes diretores que por aqui permaneceram”, alegam, apontando que os desligamentos de colaboradores ocorrem sem nenhum tipo de motivação, “pelo simples fato de quererem fazer do Abelardo Santos uma rede de amigos para esconder a falta de conhecimento técnico e perfil de liderança, exercendo o autoritarismo e assédio sobre os colaboradores”.
Demissões de “heróis”
“Inicialmente, os novos destores repassaram que todos os colaboradores seriam absorvidos pela nova empresa, mas agora eles estão demitindo, sem dó e nem piedade, colaboradores comprometidos e que precisam do salário mensal para a sua sobrevivência e dos seus familiares”, acusam.
Ainda segundo as denúncias encaminhadas ao governador, os novos gestores, em conjunto com a Sespa, falam em escrever uma nova história no Abelardo Santos, mas para isso precisam demitir pessoas que trabalharam no período que antecedeu a gestão do ISSAA, ou seja, pessoas que nada têm a ver com o escândalo que envolveu a empresa anterior (Pacaembu).
Os trabalhadores lembram que foram chamados de “heróis”, no auge da pandemia, atuando na linha de frente do hospital, que foi a maior referência no Estado para o tratamento da Covid-19, salvando vidas, fazendo seu papel.
“Essa história sim, não pode ser simplesmente ignorada com o descarte dos profissionais. Uma nova história seria mudar os gestores e não os colaboradores que operacionalizam as demandas da gestão. Se não está bom, é porque a gestão do ISSAA não foi boa, deixou faltar material, não efetivou protocolos assistenciais e colocou pessoas incompetentes também frente à assistência”, atacam os servidores.
Eles também afirmam que os atuais gestores transformaram o Abelardo Santos em projeto pessoal, alimentando a vaidade de cada um, mas por incrível que pareça, essas são as pessoas que vão permanecer. “São convincentes na fala, são teóricos e não efetivos, são cruéis e atribuem aos outros as suas fragilidades gerenciais”, completam.