Ronair: a mais nova vítima de morte anunciada na terra da impunidade |
O fazendeiro “Edson Cupim” já tinha jurado Ronair de morte. É o principal suspeito |
trabalhador rural (Irmão Tião) também residente no acampamento. No posto de saúde da Vila Sudoeste não havia condições de um melhor atendimento, pois Ronair perdia muito sangue. De avião, ele foi levado à sede do município, mas acabou morrendo.
praticadas pelos fazendeiros que se dizem proprietários das terras do Complexo e
seus pistoleiros. Além das inúmeras ameaças, ele foi vítima de
tentativa de homicídio no dia 27 de
fevereiro deste ano.
havia recebido ameaças de morte diretas, proferidas por
Edson Cupim, um dos grileiros que pleiteia a regularização fundiária da
fazenda. Cupim fora anteriormente indiciado e preso em razão dos crimes
praticados na localidade durante o ano de 2014.
07h30 ele saiu de sua residência, localizada dentro do acampamento,
dirigindo sua moto, acompanhado por seu filho que dirigia uma outra
motocicleta, quando foi abordado por uma camionete branca “Toyota
Hilux”, a 500 metros de sua casa.
“Coelho”, e mais outro indivíduo, aparentemente primo de “Cupim”, este
último armado com uma pistola calibre 380. Enquanto se dirigia a Ronair,
“Cupim” afirmou que o mataria. Vale lembrar que, além de Ronair, outros 5 trabalhadores já foram mortos na região.
conflito, os trabalhadores rurais do Acampamento Novo Oeste
foram vítimas dos mais diversos crimes e atentados contra suas vidas,
dentre os quais ameaças de morte, lesão corporal,
tentativa de homicídios e homicídios consumados.
membro da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai
Eterno. Assassinado a pauladas na Vila Sudoeste;
da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno;
Assassinado a facadas em sua residência localizada no Acampamento Novo
Oeste.
da Associação Novo Oeste e ocupante do Complexo Divino Pai Eterno;
morto a tiros em uma estrada vicinal localizada no interior da fazenda.
2014): Félix era vice-presidente da Associação Novo Oeste e ocupante do
Complexo Divino Pai Eterno. Foi morto a tiros em uma emboscada quando se
deslocava da roça para sua residência.
assassinado na recente ação de pistoleiros deflagrada na área de
ocupação da Fazenda Divino Pai Eterno, ocorrida no dia 06 de novembro de 2015.
O grupo fortemente armado declarava abertamente que estava agindo à
mando de Edson (Cupim) e Bruno, grileiros que se intitulam proprietários
da fazenda, ressaltando que aquele era só o início da operação.
ocorreu o baleamento e consequente homicídio de Osvaldo Rodrigues Costa,
além do ferimento de outro trabalhador, atingido em um de seus membros
superiores.
1. Tentativa de homicídio contra Lourival Gonçalves de Souza conhecido por “Índio”, ocorrida em 16 de abril de 2014. Ele sobreviveu
milagrosamente após receber cerca de cinco tiros em diversas partes do
corpo;
2. Tentativa de homicídio contra Agenor e Nena (2014), surpreendidos
com tiros disparados pelos pistoleiros quando chegavam à residência de
Agenor, após um dia de colheita em sua roça;
3. Lesões corporais e ameaças de morte contra Luizmar e Roque (2014),
praticados pelo pistoleiro “Cowboy” e seus comparsas; enquanto praticava
os atos de violência, “Cowboy” se exibia para as filmagens feitas em seu
celular por outro pistoleiro de seu grupo. A esposa de Roque e o filho
de Luizmar presenciaram boa parte das desesperadoras cenas de violência.
ocorridos na área -, continuam impunes e reincidem em ações cada vez mais
violentas e escandalosas.
dos responsáveis pela prática dos crimes já citados, bem como para
arrecadação da terra pública localizada no Complexo de Fazendas Divino
Pai Eterno das mãos dos pretensos proprietários, em respeito aos
ditames da Constituição Federal, com o consequente assentamento dos
trabalhadores que a pleiteiam”, afirmam as entidades.
fim ao quadro de violência e mortes instaurados naquela localidade. Por fim, salientam que esses “são relatos de uma tragédia
já anunciada, onde mais uma vez os poderes públicos com poderes para
tanto, não agiram no intuito de evitá-la. Exigimos providências”.
José de Lima, a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos, do Ministério Público Federal, destaca que esse é mais um episódio da
violência contra trabalhadores e trabalhadoras no campo – fenômeno que
tem se intensificado em razão de uma “rede social e simbólica que se
sustenta na articulação entre três pilares: impunidade, paralisia da
reforma agrária e criminalização dos movimentos”.
“Combinados entre si, esse elementos potencializam a violência no campo,
na medida em que sugerem um certo endosso a ações como a
recém-ocorrida”, destaca a procuradora federal dos Direitos do Cidadão,
Deborah Duprat. No texto, a PFDC defende que crimes cometidos
contra trabalhadores rurais necessitam de resposta penal pronta e
adequada e que a morte de Ronair José de Lima deve ser objeto de rápida
investigação e punição dos culpados.
Para a Procuradoria Federal, o direito à moradia digna é de natureza
fundamental, sendo imperativa a agilidade na implementação de políticas
efetivas de reforma agrária. A PFDC destaca ainda que a criminalização
dos movimentos sociais atenta contra os direitos fundamentais de
liberdade de associação e alerta para a aplicação desvirtuada da lei
12.850/ 2013, que trata de organizações criminosas.
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