Não é fácil ser governador – qualquer governador, de qualquer partido -, porque além das responsabilidades inerentes ao cargo, ele ainda precisa ter sensibilidade para aceitar as cobranças de quem o colocou no poder: os eleitores.
Pois vejam só como são as coisas: nesta manhã de sexta-feira, enquanto o governador Helder Barbalho reinaugurava o trecho da ponte do Moju – agora novinho em folha e de arquitetura estaiada -, no Riacho Doce, área espremida entre os bairros do Guamá e Terra Firme, moradores ameaçados de despejo pela Companhia de Habitação do Pará (Cohab) pediam socorro, mais uma vez a Helder, porque não têm para onde ir, a não ser morar na indigesta “rua da amargura”.
“Governador, nos ajude. Somos seus eleitores e estamos sendo despejados”, diziam faixas carregadas por mulheres enviadas ao Ver-o-Fato, além de vídeo em que elas clamam por “moradia digna”. A notificação – aliás, mais uma, desta vez mais incisiva – foi entregue de apartamento em apartamento por um servidor público.
O problema social é gravíssimo nessa área ocupada há mais de 15 anos. Os apartamentos, construídos com recursos públicos, nunca tiveram suas obras concluídas pelos sucessivos governos. As pessoas inscritas para residir nos imóveis nunca experimentaram a sensação de, enfim, ter um lar decente para morar com suas famílias.
Resultado: outras famílias, também carentes de moradia, invadiram e ocuparam os prédios. E agora, diante da ameaça de despejo – pois já existe sentença de reintegração de posse ao Estado (Cohab) lavrada pelo juiz Raimundo Santana – restou um último apelo, endereçado ao governador.
Ou seja: somente a caneta de Helder é capaz de dar uma solução para os ameaçados do Riacho Doce.
E aí, governador, vai encarar a parada?
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