Mais de 100 famílias, que não têm condições financeiras de pagar aluguel, foram despejadas de um terreno que haviam ocupado há mais de um ano, no município de Barcarena, por homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Pará.
O despejo, ontem, ocorreu por determinação da juíza Adriana Grigolin Leite, da 1ª Vara Cível e Empresarial do município de Barcarena, na região nordeste do Estado, que expediu o mandado de reintegração de posse. Segundo informações dos moradores das redondezas, o terreno possivelmente pertence a uma família influente na política daquele município.
Desesperadas e sem saber o que fazer, as famílias que ocuparam o terreno, localizado na Vila dos Cabanos, entre a localidade Nossa Senhora de Fátima e as Comunidades Quilombolas, pediram apoio das autoridades para evitarem o despejo, mas não conseguiram.
“Nos ajudem, nossa situação é difícil e não temos para onde ir. Aqui temos crianças, idosos e pessoas doentes e estamos em meio a uma pandemia. O que vamos fazer? Só moramos aqui porque somos pobres. Olhem para nós, vejam um meio de nos ajudar, porque o que vai acontecer é que teremos de morar na rua e vamos acabar morrendo de frio e fome e, este terreno estava abandonado e sem utilidade”, disse uma mãe de família desesperada.
A Polícia Militar informou que fez a reintegração de posse de forma pacífica. Para a ação, o Comando de Missões Especiais designou como comandante e subcomandante o tenente coronel Fábio Alex Corrêa Barra e major Leonardo Euller da Cunha bem como disponibilizou equipes do Batalhão de Rotam (Rotam) do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), Batalhão de Rotam (Rotam), Batalhão de Ações com Cães (BAC), Regimento de Polícia Montada (RPMont), do Comando de Missões Especiais (CME), Comando Militar de Saúde (CMS) e do 14º Batalhão.
Também a ação contou com a presença de agentes da Divisão de Investigações e Operações Especiais (DIOE) da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Secretaria Municipal de Assistência Social (Semass) e o Conselho Tutelar de Barcarena, atuando cada qual em suas esferas de atribuição a fim de atender aos diversos cenários que se apresentaram no momento da ação.
Nota do Ver-o-Fato:
Essa notícia policial levanta quatro questionamentos: primeiro, quem é o tal “político influente” de Barcarena, dono de uma imensa área sem qualquer utilidade? Ele paga seus impostos à prefeitura? Ou faz apenas especulação imobiliária, valorizando o preço, mesmo que amanhã, em campanha eleitoral, peça no palanque o voto dos que mandou despejar, usando portentoso aparato policial-militar?
Lógico que a invasão de propriedade (ou esbulho possessório) é crime punido até com prisão, mas a própria lei também diz que a propriedade, sobretudo a grande ou média propriedade, deve ter sua função social. A pergunta é: qual a função social desse terreno do “político influente”?
E a última questão: as famílias despejadas, com seus idosos e crianças, receberão da prefeitura lotes e amparo social para que não voltem a invadir área abandonada na cidade? Onde estão? Para onde foram?
Com a palavra, o anônimo “político influente” e a prefeitura, ou os dois, se forem aliados.
Aliás, o Ver-o-Fato promete descobrir de quem se trata. Promessa é dívida.
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