Uma quadrilha que deu um golpe de mais de 1 milhão de reais na empresa de energia elétrica Equatorial foi desbarata pela Polícia Civil do Pará, depois de um ano de investigação.
Três pessoas foram presas pela Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos por organização criminosa, falsificação de documento, estelionato e invasão de dispositivo informático com o objetivo de obter prejuízo econômico.
O golpe, avaliado em R$ 1.200.000,00, teve como vítima a empresa que faz a distribuição de energia elétrica nos Estados do Pará e Maranhão. De acordo com as investigações, no primeiro semestre de 2020, hackers invadiram a recém lançada plataforma digital da companhia elétrica e tiveram acesso aos dados cadastrais dos usuários.
De posse de alta tecnologia, os criminosos alteravam o e-mail cadastrado para o recebimento da fatura mensal, colocando um endereço eletrônico falso, criado pelo grupo criminoso.
Assim, quando a fatura verdadeira era encaminhada ao e-mail fake, os acusados mudavam o código de barra, e reenviavam a fatura, desta vez para o e-mail verdadeiro do cliente. Sem saber do esquema, consumidores da Equatorial efetuavam o pagamento, que tinha como destino a conta de pessoas utilizadas como “laranjas”. Sem a conta paga de forma efetiva, os consumidores tinham o fornecimento interrompido, causando grande prejuízo econômico.
A primeira fase da operação Energos foi deflagrada no litoral paulista, no Estado de São Paulo. Os agentes policiais se deslocaram mais de 3.500 quilômetros, para efetuar buscas nas cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá. Após diligências e intensa investigação, o primeiro alvo da operação, foi localizado em uma escola, na cidade de Santos.
No momento da prisão, o homem dava aula em uma escola particular. Para não causar constrangimento aos alunos, os agentes da Polícia Civil solicitaram ajuda do corpo docente da instituição, que se prontificou a colaborar.
Um mandado de busca e apreensão também foi cumprido na casa do homem, que é apontado como responsável pela invasão no sistema da companhia. No local, foram encontrados documentos, dispositivos de armazenamento, celulares, chips e um notebook, que estava com a câmera coberta com um adesivo, o que chamou a atenção dos polícias. Todo o material apreendido será levado para Belém, onde passará por perícia.
Na cidade do Guarujá, duas irmãs foram presas quando saiam de um prédio, na área nobre da cidade. Antes de chegar até o local, foram feitas diligências em outros endereços pertencentes às mulheres, mas sem êxito, o que não desanimou os policiais Civis.
“Nós identificamos que elas utilizavam os valores desviados, em benefício próprio. Ostentavam na internet viagens, carros, joias e itens de luxo. Isso não condizia com o que foi declarado pelas mesmas à Receita Federal”, disse o delegado Guilherme Gonçalves, titular da Divisão.
Uma delas tem vasto histórico de golpes no setor imobiliário da região, bem como passagem pela polícia, pelo crime de estelionato. As duas são as autoras intelectuais do esquema milionário. As investigações mostram que, antes da invasão no sistema de informática da companhia elétrica, as irmãs alteraram a razão social de uma empresa delas.
Além disso, outras firmas foram criadas para dar veracidade ao golpe. Os nomes das sociedades são semelhantes ao utilizado pela companhia de energia. Isso facilitou a abertura de um cadastro em uma terceira companhia, que foi utilizada como laranja na emissão dos boletos falsos. Além disso, as empresas estavam cadastradas em sedes fantasmas. Os policiais civis conseguiram desmontar o esquema, assim como identificar e prender os autores do crime.
Mandados de buscas e apreensão também foram cumpridos nas residências das irmãs. Celulares, documentos, computadores e folhas de cheques foram recolhidos.
Todos os acusados foram levados para o Palácio da Polícia Civil de Santos. Após oitivas, foram encaminhados para o sistema penitenciário paulista, onde permanecem presos à disposição da justiça.
Em São Paulo, a operação “Energos”, teve apoio integral da Polícia Civil local, onde foi possível a utilização do espaço físico e na condução dos presos.
O delegado geral da Polícia Civil do Pará, Walter Resende, acompanhou as investigações e o desenrolar das prisões de perto: “Para a nossa instituição, foi uma questão de honra colocar atrás das grades essas pessoas, que acabaram lesando financeiramente os paraenses, já que o prejuízo, dado por esse golpe, é repassado a todos os consumidores por meio da fatura. De forma contundente, a Polícia Civil vem mostrando que nenhum tipo de crime será aceito em nosso Estado, seja ele praticado aqui ou em outros locais, por meio da internet”, enfatizou Resende.
As investigações continuam para identificar outros integrantes da quadrilha.
Veja o vídeo da operação paraense em São Paulo:
Discussion about this post