O prefeito de Parauapebas, Darci Lermen (MDB), aliado político de primeira linha do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), despertou a ira da população daquele município da Região Carajás, no sudeste paraense, ao viajar para Dubai, nos Emirados Árabes, onde passou o feriadão de Carnaval, à custa dos cofres públicos.
Observador da cena política local interpretou a atitude do gestor municipal como – além de uma afronta ao contribuinte – uma demonstração de que se acha blindado no cargo por “forças ocultas”, já que corre sério risco de ter o mandato cassado, juntamente com o vice, João do Verdurão, por abuso de poder econômico na campanha de 2020.
“Às vésperas de ser julgado pela Justiça Eleitoral e correndo um enorme risco de ser cassado em um processo recheado de provas contra ele, o sujeito (prefeito) foi visitar uma das cidade mais ricas do mundo, gastando uma fortuna dos cofres públicos. Para fazer isso, só mesmo tendo costas largas e se sentir blindado das acusações que pesam contra ele”, disse o observador ouvido pelo Ver-o-Fato.
Dizem os moradores que foram 10 dias de luxuosa diversão bancada pelo povo, apesar de Parauapebas enfrentar sérios problemas de saneamento básico, infraestrutura, saúde e educação, além de robustas suspeitas de corrupção em vários níveis da administração pública.
Abuso de poder econômico
O prefeito Darci Lermen deve ser julgado nas próximas sessões da Justiça Eleitoral, caso o processo não seja engavetado, por abuso de poder econômico durante a campanha que o elegeu gestor de Parauapebas. A promotora de Justiça Eleitoral, Crystina Michiko Morikawa, reforçou denúncia à Corte Eleitoral de que há provas irrefutáveis da prática de caixa dois por parte do prefeito Lermen e do vice-prefeito, João do Verdurão, durante a disputa eleitoral de 2020.
Na denúncia, a promotora requer que os diplomas dos dois sejam cassados. Segundo a denúncia, feita pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) de Parauapebas, o apoiador da campanha dos dois, Marcelo Nascimento Beliche, confessou ter sido convencido a participar de uma fraude eleitoral, em que ele contribuiria com R$ 500 mil para a campanha.
Ocorre que, de acordo com as denúncias, o dinheiro da “contribuição” foi repassado a Marcelo Beliche por pessoas ligadas ao atual prefeito. Na transação, o “doador” também sairia contemplado com uma quantia em dinheiro.
Na denúncia, Crystina Michiko Morikawa aponta a existência de doações acima do limite fixado em lei, como a de Marcelo Beliche, que em 2019 declarou à Receita Federal uma renda de R$ 42 mil. No caso, além de ilegal, seria impossível ele ter capacidade financeira para doar R$ 500 mil.
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal esteve em Parauapebas cumprindo mandados de busca e apreensão relacionados ao caso. Para a promotora, “estão largamente demonstradas as irregularidades na captação dos recursos e na comprovação das despesas, o que compromete a prestação de contas e aponta a existência e prática de caixa dois.”
Outro fato que pesa contra o prefeito e o vice de Parauapebas é que as contas de campanha deles foram desaprovadas pela Justiça Eleitoral e a chapa não apresentou documentos que pudessem comprovar a regularidade das doações e despesas.
Conforme o processo, a chapa declarou ter arrecadado mais de R$ 1,7 milhão, sendo que R$ 1,6 milhão foi doado por terceiros, com a maior parte arrecadada após a realização das eleições.