Uma onda de protestos tomou forma diante dos portões da Brasil Bio Fuels (BBF), uma das principais exportadoras de dendê do país, situada na região entre os municípios de Tomé-Açu, Acará e Concórdia, no Vale do Acará, nordeste do Pará. Cerca de 300 trabalhadores, recentemente demitidos do Polo 51-Concórdia, manifestaram-se ontem, 13, contra a inadimplência da empresa em relação às rescisões contratuais.
Os empregados, que esperavam o pagamento das indenizações na última sexta-feira, dia 9, foram surpreendidos com contas vazias e promessas adiadas. “Foi nos informado que o pagamento seria feito em até sete parcelas, o que é inaceitável para verbas rescisórias”, relatou um dos trabalhadores ao Ver-o-Fato. Ao todo, segundo ele, cerca de 1.000 empregados já foram demitidos.
Além das dificuldades com as rescisões, os funcionários também apontam que a BBF deixou de depositar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) desde outubro do ano passado. A tentativa de negociação sobre os termos de pagamento fracassou, elevando as tensões entre as partes.
“A empresa quer que a gente assine um acordo para receber parcelado. Isso não está certo, rescisão é direito trabalhista e deve ser pago integralmente”, desabafou outro trabalhador.
Recuperação judicial
A saúde financeira da BBF já vinha apresentando sinais de deterioração, culminando agora em um pedido de recuperação judicial. Essa medida, embora seja um esforço para reestruturar suas dívidas, coloca em cheque a capacidade da empresa de honrar compromissos imediatos com seus ex-empregados.
Diante dos protestos, a direção da BBF não explicou aos trabalhadores sobre os planos de reestruturação financeira. A situação permanece tensa, com os trabalhadores demandando suas verbas rescisórias e a comunidade local preocupada com o impacto econômico dessa crise na região.
Com a palavra, a BBF
A Brasil BioFuels (BBF), procurada pelo Ver-o-Fato, em resposta aos protestos dos demitidos, enviou uma nota esclarecendo sua posição diante da crise atual. A empresa destacou as “dificuldades enfrentadas pelo setor de óleo de palma, influenciadas pelas condições adversas da safra recente, como fator determinante para o desligamento programado de parte de seus colaboradores no município de Concórdia do Pará”.
De acordo com a BBF, o processo de demissão “foi conduzido em cooperação com o Sindicato dos Trabalhadores”, que teve um papel ativo nas negociações, buscando assegurar que os termos fossem acordados de forma justa entre as partes.
A empresa” lamenta o bloqueio de acesso a suas instalações por um grupo de aproximadamente 20 ex-funcionários, mas enfatiza que já iniciou um diálogo pacífico com os manifestantes para resolver a situação e retomar a normalidade operacional na região”.
A nota da BBF sugere uma busca por soluções conjuntas e ressalta a importância do diálogo neste momento de tensão. No entanto, não especifica medidas concretas sobre como pretende resolver as pendências relacionadas às indenizações e ao pagamento do FGTS, questões estas que foram centrais nas reivindicações dos trabalhadores durante o protesto.
A comunidade espera agora que as promessas de diálogo se traduzam em ações efetivas que atendam às necessidades dos ex-empregados afetados pela recente onda de demissões.
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