JOSUÉ COSTA – Jornalista e advogado
Só um coração pirracento prorrogaria a data do dia 26 de maio de 2025 para o arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira, apresentar sua carta-renúncia do trono arquiespiscopal. Nessa data, ele vai completar 75 anos de idade, início do ciclo da aposentadoria compulsória no clero católico romano.
O Vaticano, a exemplo do que aconteceu com dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, pode reconhecer o mérito e apelos para prorrogar a permanência do bispo na função, mas esse privilégio dificilmente aconteceria na Arquidiocese de Belém. Só no caso de uma interferência indevida.
Dom Alberto Taveira não emplacou, a bem da verdade, na Igreja de Belém. Chegou se indispondo com o baixo, o médio e o alto clero. Tomou decisões desnecessárias, mantidas apenas para demonstrar poder de autoridade. Protegeu quem não merecia e promoveu mudanças à revelia dos conselhos aos quais deveria consultar e respeitar pareceres. Aproxima-se, enfim, do final da missão com os habitantes da casa completamente divididos entre quem gosta e quem não gosta, quem respeita e quem não respeita, quem é amado e protegido e quem é marginalizado e vive na indiferença. Esse é o quadro real e desmaquiado dos bastidores do clero.
Roma, portanto, não terá um quadro favorável à prorrogação do mandato de dom Alberto Taveira à frente da Arquidiocese de Belém. A compulsoriedade da aposentadoria aparece, assim, como um bem comum, luz para todos os povos e todas as gentes. Logo, no ano da COP 30 Belém deve conhecer seu novo pastor.
Ao contrário do que acontece em Belém, dom Carlos Verzetti, na vizinha Diocese de Castanhal, tem colheita de bons frutos para ter a prorrogação de sua gestão decretada pela Cúria Romana.
Ex-bispo auxilar de Belém, Verzeletti alcançará seus 75 anos no dia 8 de setembro, também de 2025. Mas é bem provável que ganhe sobrevida na função. Tem méritos de sobra. E apelos não vão faltar nesse sentido, do clero ao rebanho nas paróquias e comunidades.
Vale lembrar que o bispo nascido em Trenzano, no norte da Itália, que desembarcou como missionário nas terras amazônidas em 1983, toca atualmente mais uma de suas obras gigantescas: um hospital de R$ 50 milhões previstos nos gastos de sua execução. Já havia feito coisa parecida em Viseu, onde foi pároco.
Dom Carlos é um homem com rastros suficientes para que sua memória mereça registro especial na história da Igreja na Amazônia, com largos privilégios dispensados a Viseu, Belém e, agora, Castanhal. Não só pela sua dedicação à arte e à arquitetura, como também pela sua intensa vida pastoral nas comunidades distantes da Cúria. Seu cartão de apresentação aos castanhalenses, em 2005, foi a construção da mais bela e mais moderna catedral do norte e nordeste do Brasil. Quizá do Brasil, na opinião de alguns arquitetos.
A César, o que lhe é devido