Na ultima semana, o serviço de streaming da Walt Disney, o Disney+ (ou Disney Plus) começou a funcionar, trazendo a primeira série live-action do universo expandido de Star Wars. Em apenas dois episódios exibidos, O Mandaloriano, mostra-se melhor do que muita coisa que se viu em grande parte da franquia.
A série se passa 5 anos após O Retorno de Jedi (1983), ou seja, muitos anos antes do O Despertar da Força (2015). Com isso temos uma visão do que aconteceu entre os episódios, ao acompanhar o caçador de recompensas mandaloriano chamado Dyn Jarren (Pedro Pascal) que, como nos bons westerns, nos é apresentado sem muitos detalhes de sua origem, o que não nos impede de perceber algum senso de propósito em suas ações.

É notório que os filmes de samurai de Akira Kurosawa (Os Sete Samurais, Yojimbo – O Guarda-Costas) serviram de inspiração para George Lucas na criação de Star Wars, porém, quase uma década antes do início da saga dos Jedis, o diretor italiano Sergio Leone, no filme Por um Punhado de Dólares, de 1964, um Faroeste Espaguete remake de Yojimbo (que apenas transferiu a história do Japão feudal para o velho Oeste), Leone utilizava recursos estilísticos e narrativos de maneira tão criativa, que seus filmes continuam inconfundíveis ate hoje.
É dessa fonte que o criador da série Jon Favreau bebe, e dela trouxe toda a intensidade do pistoleiro solitário, que caminha entre aventuras, por um mundo repleto de ambiguidade moral. Fraveau nos surpreende ao se permitir manter longas partes dos episódios sem diálogo, nos guiando apena por sua narrativa visual, o que traz características cinematográficas bastante distantes do que se costuma ver em séries de TV.

A miscelânea de atores que compõem o elenco já é um atrativo por si só: começando por Pedro Pascal, que ficou conhecido mundialmente pelo seu personagem Oberyn Martell em Game of Thrones; Carl Weathers, o eterno Apolo Creed; o grande diretor alemão Werner Herzog, responsável por clássicos como Aguirre – A Cólera dos Deuses e Fitzcarraldo; a desvalorizada atriz de cinema de ação Gina Carano; Giancarlo Esposito, o Gus Fring de Breaking Bad, e dublando, temos Nick Nolte e o diretor de Thor Ragnarok, Taika Waititi, que inclusive, é o diretor do oitavo episódio.

Ainda no primeiro episódio somos apresentados ao personagem que deve ser o centro das atenções dessa temporada e caça-níquel descarado da Disney, o Baby Yoda. Essa dualidade entre um matador ou pistoleiro e um bebê, aparentemente indefeso, é algo que já gerou grandes frutos em narrativas de gênero, sendo que a mais bela e clássica representação está no mangá O Lobo Solitário e Filhote, onde um samurai desagarrado se torna um mercenário e ao lado de seu filho, onde vivem uma saga épica, repleta de violência. Esse pode ser mais um terreno fértil onde um universo como o de Star Wars pode se reconectar, de forma bastante autêntica com elementos que representavam a verdadeira força por trás da franquia.

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