O irmão dela, Adilson Prestes, foi assassinado na porta de casa, há quase 17 anos, por um poderosa organização criminosa, que atua há décadas impunemente como uma espécie de máfia ambiental na região da rodovia Santarém-Cuiabá. Esses criminosos derrubam a floresta amazônica de maneira ilegal, comercializam a madeira de forma clandestina e, quando contrariados em seus interesses ou denunciados às autoridades, reagem com violência, usando pistoleiros, ameaças e intimidação.
Não é diferente o que está acontecendo agora com Ivanilde Prestes. Ela precisou fazer registro de ocorrência de invasão das terras onde vive com a família, denunciando crimes ambientais. Quem deve apurar os crimes é a Polícia Militar de Itaituba, que até agora nada fez, apesar de já ter sido cientificada da ação criminosa. O comando-geral da PM em Belém precisa interceder para que o caso seja apurado com rigor e os criminosos punidos.
No BO, dona Ivanilde, a irmã do falecido Adilson, compareceu no último dia 4, segunda-feira, à delegacia da Polícia Civil de Novo Progresso, relatando que no dia 31 de dezembro, pela parte da noite, percebeu movimentação de trator e caminhão em sua pequena fazenda, conhecida como RM, localizada na vicinal São Jorge, no Riozinho das Arraias. Ela foi ao local no dia seguinte e flagrou a retirada ilegal de madeira da área de reserva florestal da fazenda.
“Foram retiradas quatro cargas de madeira sem minha autorização”, narrou Ivanilde Prestes na polícia, dizendo suspeitar que quem está retirando a madeira é um homem conhecido por Fabiano Farrapo e quem vendeu foi um homem conhecido apenas por Alan, morador de Riozinho. Ela pediu providências.
Farrapo foi um dos citados em extenso dossiê entregue por Adilson Prestes em 2004 a várias autoridades da Secretaria de Segurança, Semas e Ministério Público do Pará. Naquele ano, ele veio a Belém trazido pelo promotor de Justiça, Mauro Mendes, que temia pela vida de Prestes diante das constantes ameaças que o rapaz sofria.
O nome de Farrapo, cujo documento está nos arquivos do Ver-o-Fato, aparece ao lado de outros madeireiros, fazendeiros, empresários e até de policiais militares de Moraes de Almeida e Santarém.
Prestes foi morto com vários tiros, na cabeça e no peito. Morte anunciada e carimbada pela impunidade. Os poderosos interesses dos predadores da Amazônia foram preservados com a morte do jovem que chegou a ser chamado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, como o “Chico Mendes do Pará”.
Dona Ivanilde também é ameaçada de morte e está na lista dos direitos humanos das pessoas que, no estado, se encontram nessa terrível situação.
O Ver-o-Fato chama a atenção das autoridades governamentais paraenses para que dona Ivanilde Prestes tenha o direito de viver em paz e segurança com sua família na área que lhe pertence e a salvo dos predadores da floresta amazônica, maiores responsáveis pelo desmatamento, queimadas e comércio ilegal de madeira na região.
Veja o BO dela na polícia de Novo Progresso:
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