Em seus encontros com seus novos amigos, os Espírito Livres – imaginários, sim, mas para ele mais reais e próximos de si do que aqueles homens que havia conhecido até então e com quem convivera, diretamente ou através de suas obras – Schopenhauer, o imenso filósofo, Wagner, o músico da Saga dos Nibelungos – Nietzsche encontrou os ouvintes para as revelações que precisava fazer. E nos quais podia confiar.
Vejamos um fragmentos dessas instigantes e insólitas conversas e autoconfissão de Nietzsche:
” Há capricho e prazer no capricho, se ele dirige seu favor ao que até agora teve má reputação — se ele ronda, curioso e tentador, tudo o que é mais proibido. Por trás do seu agir e vagar— pois ele é inquieto, e anda sem fim como num deserto — se acha a interrogação de uma curiosidade crescentemente perigosa.’Não é possível revirar todos os valores? E o Bem não seria Mal? E Deus apenas uma invenção e finura do Demônio? Seria tudo falso, afinal? E se todos somos enganados, por isso mesmo não somos também enganadores? não temos de ser também enganadores?’ —tais pensamentos o conduzem e seduzem, sempre mais além, sempre mais à parte. A solidão o cerca e o abraça, sempre mais ameaçadora, asfixiante, opressiva, terrível deusa e mater saeva cupidinum [selvagem mãe das paixões] – mas quem sabe hoje o que é solidão? “
O que Nietzsche atravessando esse deserto de si mesmo, cheio de dúvidas? Saúde, fisica e sobretudo espiritual – ele que passou quase toda sua vida padecendo de enfermidades graves. E ele prossegue:
” Desse isolamento doentio, do deserto desses anos de experimento, é ainda longo o caminho até a enorme e transbordante certeza e saúde, que não pode dispensar a própria doença como meio e anzol para o conhecimento, até a madura liberdade do espírito, que é também autodomínio e disciplina do coração e permite o acesso a modos de pensar numerosos e contrários — até a amplidão e refinamento interior que vem da abundância, que exclui o perigo de que o espírito porventura se perca e se apaixone pelos próprios caminhos e fique inebriado em algum canto; até o excesso de forças plásticas, curativas, reconstrutoras e restauradoras, que é precisamente a marca da grande saúde, o excesso que dá ao espírito livre o perigoso privilégio de poder viver por experiência e oferecer-se à aventura: o privilégio de mestre do espírito livre! “
Creio que foi um desses Espíritos Livres que Nietzsche – com quem estamos conversando nestes mais recentes diálogos VIDA – que Nietzsche converteu em seu profeta filósofo soltou e revelou aos homes: o mais audaz e libertações desses:
Zaratustra
Será esse contagamte de vitalidade e saberes Zaratustra, sem dúvida sendo ele Nietzsche auto-transfigurado, em seu célebre livro Assim Falou Zaratrusta, que irá nos falar. Na próxima VIDA
Discussion about this post