Enquanto a verdade sobre a Cosanpa não vem à tona, o povão pena em busca de água |
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Dia sim, dia também, a dona Cosanpa – uma senhora cheia de problemas financeiros e de gestão muito graves, a ponto de alguns cardeias do tucanato paraense não falarem em outra coisa senão em privatizá-la – anuncia que vai faltar água na cidade.
E mesmo quando não anuncia, de uma hora para outra a água também vai embora. Na hora do banho, na hora de preparar a comida, na hora de lavar roupa, levar as crianças para a escola, ir para o trabalho ou dar banho no cachorro. É sempre aquele sufoco. Não tem água na torneira. E nunca se sabe a que horas ela volta.
A aporrinhação é enorme e ninguém resiste em soltar um daqueles belos palavrões, pelo menos para lavar a alma, já que não há água na torneira para lavar o corpo, nem para esfriar a cabeça. Às vezes, quando retorna às torneiras, a água tem cor esquisita, fede e é imprópria para consumo.
Vamos e venhamos: não se sabe se o pior é faltar água ou ligar para a Cosanpa, em busca de explicações, e ouvir a voz da atendente com aquela tradicional conversa pra boi dormir. Coisas do tipo “estamos em manutenção”, ou “foi um buraco que abriu na rua tal”, ou ainda que o problema está na “troca de um transformador”.
Aliás, a troca de transformador é a nova – melhor dizendo, velha – explicação para a ausência de água nas torneiras de aproximadamente 1 milhão de pessoas, amanhã, terça-feira, dia 28, das 10 da manhã às 4 da tarde. Ou seja, na hora crucial para dezenas de milhares de famílias. Onze bairros serão afetados.
Como falta água praticamente todo dia e o dia todo – em muitos bairros -, também faltam explicações convincentes sobre qual de fato é a situação da empresa estatal. Mas, pelo que se diz nos bastidores do poder, ela terá o mesmo destino da Celpa.
E é aí que mora o perigo. Será que ela será vendida a preço de banana? Se o diabo também duvida, vale lembrar que a Celpa, por exemplo, foi passada adiante, para a iniciativa privada, por R$ 450 milhões. Um valor muito abaixo do que realmente valia. E o dinheiro tomou o rumo da casa da Conceição, aquela que ninguém sabe, ninguém viu.
Todo mundo chiou, mas a Celpa foi vendida na batida do martelo. Alegou-se que era deficitária. Ou seja, um fardo pesado para o Estado. Um cínico chegou a dizer que a venda seria melhor para os consumidores, porque até o preço na conta de luz iria baixar.
Resumo da piada: Inês foi morta sem choro nem vela pelos governos do PSDB. A Celpa está aí, privatizada, com seus problemas, mas a conta, em vez de diminuir, subiu feito foguete espacial. O governador Jatene podia ajudar a baixar a conta, mas mantém o ICMS da energia em 25%, um dos mais caros do país.
Mas, voltando à Cosanpa, o destino dela parece selado. Mais cedo ou mais tarde, será privatizada. Deficitária já é e seus problemas se acumulam. É uma grande tubulação com buracos pontuais – financeiros e administrativos – que são tapados com superbonde. Quer dizer, logo estouram. Iguais à tubulação da cidade.
O blog lança um desafio ao governo do Estado: que tal vir a público dizer qual o motivo de tantos problemas internos da Cosanpa e de tanta falta d’água, todo dia, o dia todo, na cidade de Belém?
Ou fala, agora, ou cala-se para sempre. O que se cobra, aqui, é um banho de transparência da Cosanpa na sua relação com os mais de 500 mil consumidores de toda a grande Belém.
Ou será que vai faltar água até para esse banho de transparência?
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