O caso do feminicídio de Andressa Fernandes Teixeira, ocorrido em Campo Grande, é um exemplo alarmante da violência extrema que muitas mulheres enfrentam em suas próprias casas. O ato brutal, onde o marido da vítima a atropelou e arrastou na frente de sua filha de 11 anos, é um trágico reflexo da realidade de muitas mulheres no Brasil.
Além da crueldade do ato em si, o contexto em que ocorreu, após uma discussão e em meio ao consumo de álcool, destaca a necessidade urgente de abordar não apenas a violência física, mas também os padrões culturais e comportamentais que perpetuam a violência doméstica.
O criminoso, Willames Monteiro dos Santos, foi preso em flagrante. Uma testemunha, que preferiu não ser identificada, relatou que Andressa e Willames consumiram bebidas alcoólicas durante o dia e começaram a brigar por volta das 21h. O homem, então, entrou no carro para sair de casa e a vítima sentou em frente ao portão, do lado de fora, para impedir que ele saísse.
No entanto, Willames acelerou o carro, de ré, e atropelou o portão e a mulher juntos. Andressa acabou presa debaixo do veículo e foi arrastada por alguns metros.”Eu comecei a gritar, pelo amor de Deus para ele parar, mas ele ignorou, mandou eu não me intrometer. E ele não cedia. Aí, quando ele chegou num pé de árvore, que já não tinha como ele dar mais ré, ele arrancou o carro pra frente. E eu falando que ela tava debaixo do carro, gritando desesperada. Ele arrancou o carro pra frente e continuou arrastando ela. Quando eu falei: pensa nos teus filhos, pelo amor de Deus, tem misericórdia. Aí que meio que deu um ‘tchan’ nele, aí ele.. quando falei dos filhos ele puxou o freio de mão, desceu do carro, voltou pra trás, botou a mão na cabeça, olhou a situação”, descreveu a testemunha, emocionada. Andressa Fernandes Teixeira tinha 29 anos.
Segundo a testemunha, o suspeito tentou entrar no carro novamente, mas foi contido pelos vizinhos. Contudo, familiares de Willames levantaram o carro, tiraram de cima de Andressa e levaram o veículo embora, relatou a testemunha. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, a vítima estava deitada no chão. Tentaram reanimá-la por vários minutos, mas sem sucesso. “Ela não respondia, ela tava sangrando pela boca, o joelho acho que quebrou o joelho, a perna, a virilha, o braço… acredito que a cabeça também, porque ele passou com o carro na cabeça dela”, completou a testemunha.O suspeito ficou alterado e teve que ser contido pelos militares antes da polícia chegar e prendê-lo. Conforme a testemunha, os dois sempre brigavam quando bebiam. Além da criança de 11 anos, a vítima deixou outro filho de 3.
“Separa, não dá”
“Falei muitas vezes pra ela… amiga, não dá certo separa, filho não prende ninguém com ninguém não. Vai viver sua vida, você é livre, mas ela não me escutou. Sempre foi bom vizinho, nunca me incomodou, nunca tive discussão com ele. Só ontem que ele mandou eu ficar na minha, mandou eu não me intrometer… não tinha como não intrometer numa situação daquela. Em outras ocasiões eu me continha, ficava no meu canto, porque briga de casal, daqui a pouco se ajeita né… mas dessa vez não foi assim, foi uma fatalidade”, completou.
Conforme divulgado, a Delegacia Especializado de Atendimento à Mulher (Deam) deve realizar uma coletiva de imprensa na segunda-feira (21) para esclarecer o ocorrido.
Esse caso, como muitos outros, nos lembra da importância de reconhecer e enfrentar o problema da violência contra as mulheres em todas as suas formas. É essencial que a sociedade, as instituições e os indivíduos se unam para desafiar as normas patriarcais e criar um ambiente onde todas as mulheres possam viver livres de medo e violência.
A divulgação desses casos não é apenas uma questão de informação, mas também de mobilização. Ao compartilhar essas histórias, podemos aumentar a conscientização, promover a mudança de atitudes e pressionar por medidas concretas para proteger as mulheres e punir os perpetradores de violência doméstica e feminicídio.
É essencial que esses crimes hediondos não sejam apenas manchetes passageiras, mas sim catalisadores para uma ação significativa e duradoura na luta pela igualdade de gênero e pelo fim da violência contra as mulheres. (Do Ver-o-Fato, com informações do G1 Mato Grosso)