Um crime ambiental continuado é o que está acontecendo há anos na Praia do Areião, em Mosqueiro, ao lado do trapiche municipal, que já foi cartão postal daquele Distrito da Região Metropolitana de Belém. Nos últimos dias, o Ver-o-Fato mostrou a construção irregular de um palco com espaço para camarotes, mesas e cadeira, em cima de madeira e bloquetes de concreto, ocupando quase toda a praia e impedindo a passagem das pessoas.
Durante a abordagem de uma guarnição do 25°Batalhão da Polícia Militar, o responsável pela obra na casa de shows “El Raton”, Jefferson Augusto Costa Filho apresentou uma licença da Prefeitura de Belém para funcionamento provisório de 15 de julho a 3 de agosto.
A Agência Distrital local informou oficialmente que faria uma fiscalização na casa comercial, mas não disse se a obra estava legalizada, inclusive com licença ambiental, laudo do Corpo de Bombeiros e licença da Divisão de Polícia Administrativa (DPA), sem as quais, não poderia funcionar, de acordo com a lei.
Ocorre que a casa de show “El Raton”, não é a única que agride o meio ambiente na Praia do Areião. Existem outros bares e restaurantes em situação igual ou pior, funcionando na praia, onde ocupam os espaços na areia e despejam os esgotos sem nenhum tratamento. Moradores informaram que o problema é antigo e nunca foi tomada uma providência com responsabilidade.
Frequentadores antigos de Mosqueiros lembraram que mais de duas décadas atrás, os visitantes que chegavam na bucólica ilha, para visitarem o trapiche municipal, tinham uma visão privilegiada da praia e da Vila. Também quem costumava passear pela praça da Vila tinha uma visão completa da paisagem, mas hoje isso não é mais possível.
“No decorrer dos anos, por irresponsabilidade dos gestores, várias construções foram erguidas para abrigar bares e restaurantes em frente da Praia do Areião, despejando os esgotos, desde aquele tempo, diretamente na praia. Assim, as obras foram aumentando, tirando a visão da praia e hoje até a rua está bloqueada por construções irregulares”, afirmou um antigo morador da ilha.
Os donos das casas comerciais instaladas naquela praia, mesmo que irregularmente ou com licenças precárias, segundo os moradores, não são os únicos culpados pelos crimes ambientais, uma vez que tiveram permissão de algum órgão competente (ou incompetente) para funcionarem.
“Os caras fizeram investimentos, gastaram dinheiro e, como deixaram, eles foram ficando. Eles também precisam recuperar os seus investimentos e sustentar suas famílias. É uma situação complicada, mas criada pela própria administração pública. Agora fica muito difícil resolver”, completou um antigo nativo da ilha.