A Polícia Federal assumiu o comando das investigações que apuram o assassinato do indígena Agnaldo da Silva Paz, de 32 anos e da tentativa de homicídio contra outros dois índios da etnia Turywara, ocorridos ao amanhecer da última sexta-feira (10), dentro das terras que a empresa Agropalma diz ser dona, no Vale do Acará, na região do Baixo Tocantins, nordeste paraense.
Na ocasião, conforme o Ver-o-Fato noticiou com exclusividade, Agnaldo foi morto a tiros, enquanto o índio Jonas foi ferido com um tiro na cabeça, perto de um dos olhos e um terceiro indígena, José Luís, levou um tiro no peito, mas foi salvo pelo medalhão do cordão que usava, que amorteceu o impacto da bala.
De acordo com uma liderança Turywara, os três faziam parte de um grupo de indígenas que sofreu uma emboscada no Vale do Acará, onde a Agropalma tem plantações de dendê, por volta de 5 horas da manhã de sexta. Os índios seguiam em suas motos por uma antiga trilha, quando foram atacados por seguranças da empresa.
Depois do ataque, o grupo indígena ficou encurralado até o anoitecer, sem socorro, comida ou água, ao lado do corpo de Agnaldo e junto dos feridos. À noite, um dos índios conseguiu furar o cerco dos seguranças e foi procurar a Polícia Militar e a Polícia Civil para pedir socorro, afirmou o líder indígena ao Ver-o-Fato.
Avisada da emboscada e da morte do índio Agnaldo, a PM mandou uma viatura ao local, mas os seguranças da Agropalma impediram a entrada e os militares retornaram à vila Palmares, onde estavam destacados. Então, o índio que escapou procurou a Polícia Civil.
Ainda na noite de sexta, às 23h26, a autoridade policial de Tailândia registrou o boletim de ocorrência nº 00081/2023.103593-3, com o seguinte texto: “A equipe plantonista da Delegacia de Tailândia recebeu, por volta de 19 horas de hoje, a informação de que um indígena teria sido morto, vítima de disparo de arma de fogo, em uma fazenda de cultivo de dendê, possivelmente envolvendo seguranças da referida empresa. No local está ocorrendo uma manifestação. Ademais, a equipe plantonista está em diligências e a Polícia Científica foi acionada para os procedimentos cabíveis”.
Na manhã de sábado, às 8h19, os mesmos policiais civis de plantão na Delegacia de Tailândia registraram um outro boletim de ocorrência sobre o fato, feito pelo irmão do índio assassinado, identificado como Antônio Fernando da Silva Paz.
No B.O., ao contrário da informação inicial repassada ao Ver-o-Fato, de que os índios estariam em busca de caça e pesca, o irmão de Agnaldo Paz disse que um grupo de cerca de 50 a 60 indígenas estava planejando uma entrada pacífica na Agropalma a fim de chamar a atenção da empresa para um documento que o movimento indígena possui, que trata da retomada de um território deles que fica dentro da área dominada pela empresa.
Conforme o relato de Antônio Paz à Polícia Civil, o grupo seguiu de madrugada, por volta de 4 horas, para uma área sob domínio da Agropalma, portando somente arco e flecha, quando os indígenas foram encurralados por dois grupo de seguranças da empresa, e mesmo tendo erguido os braços mostrando que estavam somente com arcos e flechas, foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e com tiros de espingardas e pistolas.
Agnaldo foi morto e Jonas e o Zé Luís ficaram feridos, além de um outro índio que não teve o nome revelado. O índigo Agnaldo completaria 33 anos dois dias depois de ser assassinado, no domingo (12).
Veja os B.O’s: