Desde o início de outubro, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA) registrou 23 incêndios no município de Moju, nordeste do estado, em um período de 38 dias. Os dados alarmantes incluem quatro ocorrências apenas na primeira semana de novembro, segundo a Polícia Civil, que contabilizou 13 boletins de ocorrência no mês passado relacionados a incêndios em vegetação, pastagens e florestas.
Entre os casos mais graves está o incêndio na Terra Indígena Anambé, localizada no Alto Rio Cairari, que já destruiu mais de dois mil hectares, área comparável a cerca de 1.851 campos de futebol.
A Terra Indígena Anambé, composta pelas aldeias Mapurupy, Yrapã e Yetehu, sofre com um incêndio de grandes proporções, que teve início no dia 28 de outubro, segundo os próprios indígenas. Eles relatam que as chamas podem ter se originado em uma fazenda vizinha, onde o fogo teria sido usado para limpar pastagens, mas acabou se espalhando descontroladamente para o território indígena, alimentado pelo clima seco. Com cerca de 8 mil hectares, o território Anambé já perdeu um quarto de sua área de preservação.
Em nota, o CBMPA informou que está atuando com equipes da Operação Fênix em áreas de difícil acesso para combater o fogo, que se alastra também pelo município vizinho de Tailândia e ao longo da rodovia PA-150. Apesar dos esforços, a situação continua crítica.
Nuvem de fumaça agrava problemas de saúde e ambiental
Na manhã desta sexta-feira (8), uma densa nuvem de fumaça cobriu o céu de Moju, trazendo preocupações para a população e gerando reações nas redes sociais. Moradores relatam dificuldades para respirar e a sensação de abandono diante da frequência das queimadas e da ausência de ações concretas.
Comentários nas redes sociais refletem a frustração dos habitantes: “Quase todo dia é isso, essa fumaça e não vejo as autoridades falando ou fazendo algo”, disse um morador. Outro lamentou a resposta das autoridades, comentando que “se fosse um protesto na estrada já tinha carro-pipa do bombeiro lá pra apagar o fogo, mas quando é nesse caso, não tão nem aí.”
A situação na cidade evidencia os graves impactos ambientais e de saúde pública causados pelas queimadas, especialmente em regiões próximas a áreas urbanas e comunidades indígenas. Em resposta, o CBMPA afirmou que continua monitorando e combatendo focos de incêndio na região, mas o cenário permanece desafiador.
As queimadas em Moju e em outras áreas do Pará chamam a atenção para a necessidade urgente de medidas preventivas e de proteção das áreas de preservação e das comunidades afetadas, que convivem com os prejuízos da destruição ambiental e a ameaça constante à saúde e à qualidade de vida.