O Grupo Líder inaugurou mais um supermercado, no local onde funcionava o extinto Nazaré, na avenida Duque de Caxias, no bairro do Marco, em Belém, em meio a uma guerra declarada entre dois de seus donos, os irmãos Oscar e João Correa Rodrigues e diante da desconfiança de seus fornecedores e de milhares de funcionários, que assistem, perplexos, a disputa carregada de ódio dos patrões.
Há uma grande preocupação entre os empregados e os fornecedores do Líder com a briga dos irmãos por dinheiro e poder, com acusações do tipo “bandido”, “ladrão” e “assassino”, porque, desconfiam, isso pode afetar a saúde financeira do conglomerado empresarial, dono do shopping Castanheira, em Belém, 17 supermercados, 15 farmácias e 10 magazines, entre outros empreendimentos.
A preocupação é pertinente, segundo observadores do mercado paraense, porque já ocorreu com outro grupo gigantesco da capital, o Yamada, que quebrou depois que os herdeiros dos fundadores do empreendimento assumiram o comando e entraram em guerra.
De acordo com fontes próximas da família, apesar do faturamento de 3,2 a 3,5 bilhões de reais no ano passado, ao menos João e os herdeiros de José Correa Rodrigues, outro sócio, falecido no dia 10 de janeiro deste ano, vítima de um câncer, querem tirar Oscar do comando do grupo.
Assim como João, José também desconfiava que Oscar estaria desviando dinheiro do grupo, conforme as fontes. Por isso, José também era odiado por Oscar, que chegou ao ponto de dizer, em um áudio divulgado em grupo de mensagens por aplicativo, que o irmão merecia o câncer que o matou aos 72 anos.
O áudio, que vazou através de um membro da família, fora enviado por Oscar ao irmão José, que estava internado em um hospital de São Paulo, depois de uma troca de mensagens entre eles e João, sobre questões envolvendo o grupo Líder e os supermercados Nazaré.
“José, eu não diria cuidar da saúde, porque eu não sei se você ainda vai conseguir saúde, mas morra em paz, José. Como você está sofrendo, tantos anos sofrendo. Por que você faz isso? Você não sabe de nada, cara, você não está aqui. Você está no hospital há quase quatro meses, cinco meses, ferrado, não sabe o que está acontecendo aqui. Cuida, vê se tu tens mais alguns dias de vida, me deixa em paz, que eu estou trabalhando aqui pra manter vocês. Ó m…., você tá f….., c…… e quer me encher o saco”, diz ele.
Em outro áudio enviado ao irmão, que já estava desenganado pelos médicos, Oscar diz o seguinte: “José, eu tenho muita pena de ti, cara, pela forma que tu está te acabando, mas Deus que me perdoe, tu mereces, por tudo de mal que tu fez pros outros, por todo mal que tu pensas de todo mundo. Eu não sou ladrão, cara, tu pensas que eu sou ladrão. Eu estava tentando manter um armistício contigo pra ver se tu não ias embora desse mundo sofrendo mais do que tu estás sofrendo, mas não tem jeito”.
Oscar prossegue: “Eu não uso cartão corporativo, p…., nunca usei, eu não sou ladrão. Eu mandei comprar passagem no meu cartão… Por isso que tu estás te acabando desse jeito pela grande maldade que tu tens no teu coração. Eu queria manter uma relação cordial contigo enquanto esse últimos dias que tu estás passando a vida, mas não dá, não dá. Então, caboclo, o pau vai comer agora, te prepara. Até que tava indo bem, tu salvaste a empresa, nos devolvendo o (supermercado) Nazaré da 14 (de Março), mas o cancro de ódio que tu sentes por mim e tem inveja, voltou de novo, influenciado por esse bandido, que foi o maior teu inimigo, que destruiu a tua vida, porque se não fosse aquela procuração tu não estavas desse jeito e foi ele que fez”.
Na última discussão entre João e Oscar, o primeiro disse que o segundo também era responsável pela morte de José, que teria entrado em depressão por causa dos problemas criados pelo atual comandante do grupo.
A empresa Líder começou a partir da sociedade de Jeronimo Rodrigues e filhos em 1969, em Igarapé-Miri, na região do Baixo Tocantins. Cresceu muito e se tornou um dos maiores empreendimentos do país. Mas agora, o risco de uma implosão pela desunião familiar é real.
Além do mais, várias ações contra o grupo tramitam tanto na Justiça do Trabalho, quanto na Justiça Comum, movidas pelos sócios, por ex-funcionários e pelo Ministério Público.