Em um cenário alarmante e profundamente desolador, os trabalhadores da Jari Celulose, localizada no município de Almeirim, no Pará, vivem há dois anos em uma situação de extrema precariedade. Há 24 meses, a empresa, que atravessa um processo de recuperação judicial, não paga os salários de seus funcionários, colocando em risco a sobrevivência de centenas de famílias na região.
A crise não afeta apenas os trabalhadores, mas reverbera com força na economia local, agravando a miséria em uma comunidade já fragilizada.
Esse é um quadro de negligência sem precedentes. Trabalhadores, que dependem integralmente de seus salários para garantir o sustento de suas famílias, enfrentam dificuldades para suprir até mesmo as necessidades mais básicas, como alimentação, energia elétrica e água. Em muitos casos, as dívidas se acumulam, e a angústia de não conseguir honrar compromissos financeiros se torna um fardo impossível de carregar.
A situação vai além do atraso salarial. A falta de transparência por parte da Jari Celulose em relação à sua saúde financeira e a qualquer perspectiva de resolução é ainda mais revoltante, segundo trabalhadores em contato com o Ver-o-Fato.
A empresa, que deveria ser responsável pela manutenção do sustento de seus empregados, mostra total desprezo pela dignidade e pelas necessidades dos trabalhadores, deixando-os à mercê de um futuro incerto.
Caos e protesto no sábado
A crise vivida pelos funcionários da Jari é uma afronta a qualquer noção de respeito e responsabilidade. Não há justificativas plausíveis para tamanha omissão. E é com esse sentimento de desespero que os trabalhadores, já à beira do limite, estão organizando um protesto pacífico para o próximo dia 7, sábado, visando chamar a atenção das autoridades e da sociedade para essa situação caótica.
É urgente que a Jari Celulose se responsabilize pela sua falência ética e social. Dois anos sem salários não é apenas um erro de gestão, é um ato de crueldade que coloca em risco a dignidade de pessoas que, dia após dia, se dedicam ao trabalho em uma empresa que sequer cumpre o básico: o pagamento de seus direitos. A sociedade, as autoridades e a própria Jari precisam ouvir o grito de socorro desses trabalhadores, antes que a situação se torne irreversível.
O Ver-o-Fato tentou sem sucesso ouvir a direção da Jari. O espaço está aberto à manifestação da empresa.