No dia 11 de outubro de 2010, passando um pouco da meia noite, o investigador da Polícia Civil do Pará, Valdemir Silva Oliveira, conhecido como “Cachorrinho”, foi baleado durante uma ocorrência pelo soldado da Polícia Militar Marcelo Elizeu Gomes, dentro do prédio da Superintendência Regional da Polícia Civil no Xingu, em Altamira. Depois de duas semanas internado na UTI do hospital público da cidade, ele morreu, no dia 24 de outubro daquele ano.
O investigador trabalhava no local como chefe de operações, e segundo a família, “vivia cercado por inimigos, pois não compactuava com uma quadrilha formada por policiais civis e militares que agia na Região do Xingu no tráfico de droga, venda de armas, roubo de carros e outros crimes violentos”. Segundo a família, o crime foi em decorrência da vítima não ter aceitado sua inclusão na “banda podre da polícia”.
Dez anos depois do crime, o irmão do investigador assassinado, Edilson Silva Oliveira, o “Didi Bragantino”, clama por justiça. “Quero justiça, tão rara neste país, pois o crime já faz 10 anos de impunidade”, afirma ele, sem entender o motivo do julgamento do assassino ainda não ter acontecido.
“Mataram um inocente, mas a morte do investigador Valdemir não apagará a chama da luta por justiça e contra o abuso de poder, corporativismo, descaso, prescrição e manipulação”, desabafa Didi Bragantino.
“Eu já fiz o possível, tomei todas as providências legais e solicitei abertura de sindicância para apurar os fatos e tentar punir o assassino do meu irmão, mas até agora, nada de julgamento”, protesta.
Ele lembrou que o processo criminal está tramitando lentamente na Comarca de Altamira e que também solicitou abertura de processo disciplinar na Corregedoria da Polícia Civil para apurar a conduta dos policiais de Altamira.
“Todos nós familiares do investigador Valdemir ficamos com a saúde psicologicamente abalada e acuados pelo medo, por causa dos maus policias civis e militares, que pertencem à banda podre da Policia Civil e da Polícia Militar. E também por causa da morosidade da justiça e do descaso e omissão do Estado, que não dá proteção. E ainda de o soldado assassino estar em liberdade, tirando serviço armado com uma metralhadora Magal israelense em um presídio no Xingu, colocando vidas de terceiros em risco e pronto para matar novamente”, denuncia Bragantino.
Para ele, o que causou a explosão do barril de pólvora, que culminou com a execução do investigador “Cachorrinho”, foi ele ter prendido o policial militar conhecido por “Roxo” e de não compactuar com corporativismo de outros policiais.
“Tudo isso, entretanto, é escondido pela nuvem, que graças ao corporativismo blindado, criaram sobre o assunto, afirmando que o investigador “Cachorrinho” teria sido morto por engano, na ocasião em que tentava dominar um doente mental, Lindomar Castilho da Silva, que entrou na Delegacia armado com uma faca peixeira, com a qual pretendia ferir os policiais do local. Armado com uma metralhadora de grosso calibre, o soldado da PM Marcelo Elizeu Gomes fez vários disparos e acertou um tiro no abdômen de “Cachorrinho” e outro na coxa do escrivão Rogério, que tentou ajudar o investigador a dominar o homem armado”, afirma Bragantino.
Conforme disse, o resultado da ação na morte do investigador e o tiro no escrivão Rogério deveria resultar na exclusão do soldado pelo crime, ainda que ocorrido por erro, pois a interferência do soldado estaria errada mesmo se ele tivesse ferido o doente mental, porque sua participação no fato teria sido além do necessário, que era apenas dominar o agressor.
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