Uma moradora da Comunidade Cristal, identificada apenas como Creuza, foi morta durante a noite de segunda-feira, 13, em Viseu, na região nordeste do Pará. Os principais suspeitos são indígenas Tembé, da Reserva Alto Rio Guamá, que na madrugada teriam abordado a embarcação em que a vítima estava junto de um homem e, ao notarem que ele estava armado, houve uma confusão e o tiro fatal foi disparado.
As polícias Militar e Federal foram acionadas. As equipes policiais se deslocaram para a aldeia indígena, onde um delegado da PF falou com o cacique da aldeia, que relatou que o disparo que ceifou a vida da mulher “foi acidental”. A polícia abriu investigação para apurar o caso juntamente com o Ministério Público Federal.
Os indígena estariam fazendo rondas no local da morte após terem encontrado toras de madeira, um trator e um caminhão que estaria extraindo madeira ilegal. Os veículos foram queimados e o clima segue tenso na área devido a invasão de terra indígena.
Segundo o MPF, ele vem atuando desde segunda-feira na área para evitar conflito entre não indígenas e indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá (Tiarg). A PF e a promotoria de Justiça de Garrafão do Norte, que responde pelo município de Nova Esperança do Piriá, foram contatados pelo MPF. À PF foi solicitada averiguação do local e atuação para que o conflito não ocorra.
Ao Ministério Público do Estado (MPPA), o MPF solicitou que a Polícia Militar fosse acionada também para evitar o conflito e que a Polícia Civil fosse informada sobre a morte ocorrida.
Detalhes sobre a morte
Em nota, a Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) esclareceu que, por volta das 19 horas de segunda-feira, um grupo de 30 indígenas Tembé que fazem o papel de proteção do território recebeu informações de invasão de madeireiros e adentrou a floresta fechada em busca de vestígios, no interior da Tiarg, a 12 quilômetros da Vila do Cristal, no município de Viseu, às margens do rio Piriá.
Os indígenas encontraram várias toras de madeira dentro da reserva, além de um trator e um caminhão, que foram queimados, informa a Fepipa. “Neste momento, os indígenas distinguiram pelo som do motor que um barco se aproximava. Enquanto abordavam o barco, perceberam que o condutor portava uma espingarda. Os indígenas pediram que ele baixasse a arma. Houve uma pequena confusão e, no calor e na escuridão da situação, uma mulher, que acompanhava o condutor, foi atingida chegando a óbito no local”, registra o comunicado.
A Fepipa complementa as informações com dados sobre as invasões recorrentes da Tiarg por décadas e o total descaso das autoridades em cumprir a obrigação da retirada de não indígenas da área.
Por fim, a nota registra que o povo Tembé-Tenetehar sente muito pelo ocorrido e espera que o poder público, das esferas federal, estadual e municipal, cumpra o seu papel e acompanhe de perto a questão, gerenciando a situação de forma justa.