Após quatro dias de drama e incertezas, a busca chegou ao fim. As cinco pessoas que embarcaram no submersível Titan em uma viagem turística para visitar os destroços do Titanic foram declaradas mortas nesta quinta-feira, 22, depois que equipes de busca encontraram partes do submarino a 500 metros da proa do Titanic, que jaz no leito do Oceano Atlântico a uma profundidade de 3.800 metros desde 1912.
Segundo a Guarda Costeira americana, o Titan implodiu em virtude da “catástrófica perda de pressão interna na cabine”. O submersível perdeu contato com o comando remoto em terra que o guiava na expedição rumo ao Titanic no domingo.
Morreram os bilionários Hamish Harding, presidente da empresa de jatos particulares Action Aviation e Shahzada Dawood, paquistanês vice-presidente do conglomerado Engro, além de seu filho Suleman, todos passageiros da expedição.
A tripulação composta pelo mergulhador francês Paul-Henry Nargeolet, e Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions são as outras vítimas.
Os passageiros pagaram US$ 250 mil cada um (R$ 1,2 milhão) pela expedição.
“Os destroços são consistentes com uma implosão catastrófica da embarcação”, disse o almirante John Mauger, porta-voz da Guarda Costeira americana em entrevista coletiva na quinta-feira.
De acordo com o New York Times, o cenário mais provável é que a explosão tenha ocorrido no domingo, durante a descida da Titan rumo ao Titanic. O barulho provocado pela implosão teria sido facilmente detectado pelas boias de sonares, colocadas no Oceano na segunda-feira, quando começaram as buscas.
Assim, os sons detectados entre terça e quarta-feira por equipamentos das equipes de busca, sempre de acordo com as autoridades locais, não teriam elo com a implosão da Titan
“Sei que há muitas perguntas sobre como, por que e quando isso aconteceu”, disse o almirante Mauger, acrescentando que as autoridades têm as mesmas perguntas. “Esse será, tenho certeza, o foco da revisão futura. No momento, estamos focados em documentar a cena.”
Questionado sobre as perspectivas de recuperação dos corpos das vítimas, o almirante Mauger disse não ter uma resposta. “Este é um ambiente incrivelmente implacável lá no fundo do mar”, disse ele.
Corrida contra o tempo
Para os socorristas, no entanto, a busca pelo Titan sempre foi uma corrida contra o tempo. Quando o submersível, uma embarcação de 22 pés de comprimento de propriedade da OceanGate, perdeu contato com um navio fretado na manhã de domingo, já estava na metade do caminho para o naufrágio do Titanic, e acredita-se que estava equipado com apenas quatro dias de oxigênio.
Mesmo quando as chances de sobrevivência pareciam diminuir, os socorristas disseram que tinham esperança de que o Titã ainda pudesse estar intacto em algum lugar, com cinco pessoas vivas dentro – esperanças que foram frustradas na quinta-feira.
A Guarda Costeira e a OceanGate lamentaram a morte da tripulação e dos passageiros. “Em nome da Guarda Costeira dos Estados Unidos e de todo o comando unificado, ofereço minhas mais profundas condolências às famílias”, afirmou o almirante Mauger
“Estamos de luto pela morte da tripulação e dos passageiros”, disse a OceanGate, empresa dona da embarcação, em nota.
Perigo da expedição
Nos últimos dias foi revelado um relatório sobre as falhas de segurança na embarcação.
David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da OceanGate Expeditions, a empresa fabricante, demitido por questionar a segurança do Titan, mencionou em uma ação judicial que o submersível é resultado de um “projeto experimental e não testado”.
De acordo com Lochridge, uma parte do submersível foi concebida para resistir à pressão a 1.300 metros de profundidade, e não a 4.000 metros.
Todos estavam cientes dos perigos da expedição, afirmou à BBC Mike Reiss, roteirista de televisão americano que visitou os destroços do Titanic no mesmo submersível no ano passado.
“Você assina um documento antes de embarcar, e na primeira página a morte é mencionada três vezes”, contou, ao lembrar que, durante a imersão em águas tão profundas, “a bússola parou de funcionar imediatamente e começou a girar”, fazendo com que eles tivessem que se mover às cegas na escuridão do oceano para buscar o transatlântico, que afundou em 1912, em sua viagem inaugural entre a cidade inglesa de Southampton e Nova York.
Das 2.224 pessoas a bordo do Titanic, cerca de 1.500 morreram em um dos naufrágios mais famosos da história.
Desde que os destroços foram descobertos em 1985, a área tem sido visitada por caçadores de tesouros e turistas ávidos por fortes emoções.
Alistair Greig, professor de engenharia marítima na University College London, sugeriu duas hipóteses sobre o que poderia ter acontecido com o Titan.
A primeira estaria relacionada a um problema elétrico ou de comunicação, o que não impediria o submersível de voltar à superfície.
Outro cenário envolveria danos ao casco de pressão, o que dissiparia as esperanças de encontrar os passageiros com vida. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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