A Escola Municipal de Ensino Fundamental Ana Dalila Ferreira de Oliveira, localizada em Igarapé-Miri, no nordeste do Pará, foi palco de um protesto inusitado na manhã de ontem,,9..Miqueias Pantoja, pai de um aluno da instituição, trancou as portas da escola como forma de manifestação contra a falta de cuidadores escolares, profissionais essenciais para o acompanhamento de alunos que necessitam de atenção especial por questões de saúde, limitações físicas ou dificuldades de aprendizagem.
O protesto, que mobilizou a comunidade escolar, veio como uma última tentativa de obter respostas das autoridades municipais. “O meu filho já está há mais de um mês sem vir à escola por não ter cuidador”, desabafou Miqueias em entrevista ao Jornal Miriense. Ele afirma que há meses os pais têm notificado a Secretaria de Educação e a Coordenação de Educação Especial sobre a falta desses profissionais, mas até agora, nenhuma solução foi apresentada.
A ausência de cuidadores, além de prejudicar o desenvolvimento educacional dos alunos com necessidades especiais, impacta diretamente a rotina das famílias de Igarapé-Miri. “Muitos pais não conseguem trabalhar porque precisam ficar com seus filhos em casa, já que a escola não oferece o apoio necessário”, revelou Miqueias.
Para essas famílias, a falta de cuidadores não é apenas um obstáculo educacional, mas também uma barreira econômica, pois limita a autonomia dos responsáveis.
Omissão repetida
A manifestação expôs uma questão recorrente no município. Segundo Miqueias, essa não é a primeira vez que os pais recorrem ao protesto para chamar a atenção das autoridades. “Ano passado, nós já tentamos buscar soluções, mas não tivemos sucesso. Fomos à secretaria, enviamos ofícios, formamos comissões de pais, e nada mudou”, lamentou. O problema, que se arrasta há anos, ficou ainda mais evidente após a realização de um processo seletivo para cuidadores, que, segundo ele, não solucionou a questão.
A frustração com a demora nas respostas é palpável. O concurso público realizado no município não ofertou vagas para o cargo de cuidador, apesar das expectativas dos pais. “No início do ano passado, o processo seletivo foi feito com o objetivo de resolver esse problema, mas até agora não foi resolvido. Pensamos que o concurso público iria ofertar essas vagas, mas isso não aconteceu”, explicou o pai.
O protesto desta segunda-feira não é apenas um ato de indignação, mas um apelo desesperado por diálogo. Miqueias e outras famílias querem respostas concretas das autoridades. “É uma situação de desespero. Queremos que a secretaria venha explicar por que ainda não resolveram isso. As crianças não podem continuar sem o suporte necessário”, afirmou.
O caso de Igarapé-Miri evidencia um problema maior enfrentado em muitas cidades no Pará, onde a falta de investimento em profissionais de apoio na educação especial prejudica diretamente o desenvolvimento escolar e a vida de muitas famílias.
O ato de Miqueias Pantoja reflete o limite da paciência de quem há anos luta pelos direitos dos filhos e, até agora, não encontrou solução.