A capital do estado de Darfur Norte, no Sudão, vive um clima de terror desde o início do mês, com a intensificação da violência entre as Forças de Apoio Rápido (FAR) e as Forças Conjuntas, compostas pelo Exército e por grupos tribais aliados. Nas últimas 24 horas, 30 pessoas morreram e outras 64 ficaram feridas, a maioria mulheres e crianças, segundo a Sala de Emergências de Al-Fashir.
Um dos ataques mais brutais ocorreu na mesquita de Khatam al-Anbiya durante a oração de sexta-feira, o dia sagrado dos muçulmanos. Um menino foi gravemente ferido e morreu no Hospital Sul de Al-Fashir, o principal da localidade e um dos poucos que ainda funciona.
As fontes do Crescente Vermelho sudanês no Darfur Norte relatam que os confrontos continuaram hoje com grande intensidade, principalmente em bairros residenciais, refúgios e instalações civis. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) confirma que os combates atingiram o acampamento de deslocados de Abu Shouk, no norte de Al-Fashir, o bairro de Al Salam e zonas do sudeste da cidade, provocando o deslocamento de pelo menos 400 famílias.
“Além disso, sete casas foram queimadas e outras 15 foram parcialmente destruídas pelos confrontos”, acrescentou a OIM, que estima que mais de 1.500 famílias abandonaram as suas casas em Al-Fashir desde o início do cerco, imposto pelas FAR há duas semanas.
Segundo a ONU, a situação humanitária na cidade se deteriora a cada dia, com mais de 800 mil deslocados em risco. A organização alertou para a escassez de alimentos, água potável e medicamentos, além do aumento das doenças e da mortalidade infantil.
As Forças Conjuntas afirmam que conseguiram “esmagar” os combatentes das FAR nas últimas duas semanas, mas admitem que o cerco à cidade ainda não terminou. Os paramilitares, por sua vez, continuam a tentar entrar em Al-Fashir, usando “armas pesadas” contra a população civil.
A comunidade internacional pede o fim imediato da violência e a abertura de corredores humanitários para permitir a entrada de ajuda humanitária na cidade. A situação em Al-Fashir é considerada crítica e exige uma ação urgente para evitar uma tragédia humanitária ainda maior.
Do Ver-o-Fato, com informações de DW.