As organizações criminosas em Belém alcançaram um feito que até mesmo as autoridades governamentais não conseguiram em mais de 40 anos: ameaçaram e provocaram a extinção de várias torcidas organizadas de Remo e Paysandu. Essas torcidas, historicamente conhecidas por promoverem arrastões, brigas com pedradas e pauladas durante os jogos entre os dois rivais, têm sido alvo do domínio crescente do Comando Vermelho (CV) na região.
O impacto desse controle por parte de uma organização criminosa sobre as torcidas vai muito além do mundo do futebol. Esses confrontos violentos não apenas perturbam a ordem pública, mas também ameaçam a segurança e o bem-estar dos moradores da cidade. A presença do CV nas disputas entre torcidas evidencia uma falência das instituições de segurança pública, uma vez que não foram capazes de conter o avanço do crime organizado sobre um elemento tão emblemático da cultura e do entretenimento local.
O governador Helder Barbalho, sem dúvida, emerge como o grande derrotado nesse cenário, pois a ascensão da organização criminosa sobre as torcidas organizadas representa não apenas uma perda de controle sobre a ordem pública, mas também a falência de sua administração no que diz respeito à segurança do estado.
A situação destaca a necessidade urgente de uma revisão das estratégias de segurança e um reforço nas políticas de combate ao crime organizado, a fim de restaurar a confiança das comunidades e garantir a proteção de todos os cidadãos.
Infelizmente, esses confrontos não são eventos isolados. Nos últimos anos, os relatos de brigas, agressões e até mesmo assassinatos durante e após os jogos entre Remo e Paysandu têm se tornando cada vez mais frequentes. Famílias foram despedaçadas, comunidades inteiras foram abaladas e a reputação da cidade foi manchada por esses atos de barbárie.
Poder paralelo e apatia do governo
O avanço e desmantelamento das torcidas organizadas pode ser entendido através de uma série de motivos complexos e interligados. Primeiramente, a intenção de afastar a polícia das áreas sob controle da organização criminosa é uma estratégia para consolidar seu domínio territorial e suas atividades ilícitas.
Ao intimidar as torcidas organizadas e provocar sua extinção, o CV busca estabelecer sua autoridade sobre bairros e regiões da cidade, como Tapanã, Pratinha, Sacramenta, Guamá, Terra Firme, Marambaia e áreas da região metropolitana de Belém, como Ananindeua e Marituba. Com menos foco e pressão policial nessas áreas, a organização pode operar com mais liberdade, facilitando suas atividades criminosas, como tráfico de drogas, extorsão e outros delitos.
O que fazer e como fazer
Para restabelecer a ordem e devolver a confiança da população no governo estadual, é crucial adotar uma abordagem diversificada. Isso inclui:
- Reforço da presença policial: Aumentar o policiamento nas áreas afetadas pela atuação da organização criminosa é essencial para reprimir suas atividades e garantir a segurança da população.
- Combate ao crime organizado: Investir em operações policiais direcionadas ao desmantelamento das estruturas do crime, incluindo prisões de líderes e apreensão de armas e drogas.
- Integração de esforços: Promover a cooperação entre as diversas instituições governamentais, como polícia, Ministério Público e Poder Judiciário, é necessário para uma resposta eficaz e coordenada ao avanço do crime organizado.
- Investimento em prevenção: Implementar políticas sociais e programas de prevenção ao crime, como educação, emprego e assistência social, pode ajudar a reduzir a vulnerabilidade das comunidades às atividades criminosas, desestimulando o recrutamento de jovens sem emprego ou trabalho para o tráfico.
- Fortalecimento das instituições: Garantir que as instituições do Estado tenham recursos adequados, capacitação e integridade para cumprir seu papel na manutenção da ordem pública e na proteção dos direitos dos cidadãos.